Há algumas semanas, diversos médicos brasileiros formados em faculdades fora do país começaram um movimento buscando correções para algumas injustiças que havia acontecido com a contagem da pontuação, com a campanha “Revalida Mais Justo”.
O ContilNet contou a história de um dos médicos acreanos que participa do movimento e precisou entrar na justiça para ter todos os pontos computados corretamente, além de participar do movimento criado por outros inscritos no exame.
SAIBA MAIS: Médicos formados no exterior movimentam rede social de ministro por “Revalida mais justo”
Durante o movimento, diversos médicos buscaram ajuda das autoridades, principalmente do senador Alan Rick (União Brasil), que adotou a bandeira e marcou uma reunião com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira (Inep), do Ministério da Educação (MEC), responsável pela aplicação da prova.
No Acre, principalmente por fazer fronteira com a Bolívia, muitos acreanos decidem se formar no exterior, mas para trabalhar no Brasil após graduado, é necessário ser aprovado no exame de revalidação de diploma, como é o caso da médica acreana Anne Vanessa.
Anne também faz parte do grupo de médicos que levantaram a campanha “Revalida Mais Justo” na internet e principalmente nas redes sociais do ministro da Educação, Camilo Santana.
A médica também é assistente social, com especialidade em neuropsicanálise e a sua formação em medicina aconteceu em 2019, na Bolívia. “De 2021 para cá houve muitas falhas do revalida, especialmente nesta edição que foi feita agora, até porque sabemos que a prova prática vem sendo feita de maneira errônea e sabemos que está errado porque somos médicos e já passamos por uma avaliação de prova, que é discursiva objetiva”, explicou Anne.
A médica acreana também relembrou que a nota de corte é alta e, principalmente, na última edição, em que os médicos estão enfrentando problemas com relação às correções das provas. “Não é um exame de brincadeira, ele traz sérias consequências aos candidatos… financeiramente, tempo, psicológico. O candidato fica ansioso com a prova simulada que não tem seriedade, que é a prova de habilidade clínicas que não é nenhum brinquedo”, explica.
A médica fala ainda sobre a prova, que ela considera mal formulada, visto que não condiz com a realidade de uma consulta médica. “Existem muitas contradições no comando da prova, nas falas do atores e o resultado da prova depois de tudo que passamos durante a realização do exame. Não existe pontuação adequada, além da gente pagar o valor altíssimo, de R$4 mil, mais hotel, passagem, alimentação e cursinhos, que é um custo que muito alto”, explica.
Anne diz ainda que o investimento chega a R$20 mil e explica um pouco sobre algumas leis que envolvem o assunto, como a Lei 6.932 de 7 de julho de 1981, que fala sobre residência médica e a lei 13.959 de 18 de dezembro de 2019, que regulamenta o Revalida, que fala sobre o valor cobrado para realizar a prova de habilidades clínicas.
“O valor cobrado não será limitado ao equivalente ao 10% do valor mensal da bolsa vigente do médico residente e o que eu quero dizer com isso? Que o valor cobrado que diz na lei não será limitado, então eles não podem aumentar o valor da inscrição mas podem baixar o valor. Em governos anteriores era R$350,00 para realizar a prova”, explica.
Sobre os erros na prova, Anne aponta principalmente sobre os critérios de avaliação. “Os erros das correções e pontuações das estações são elaboradas por cada banca médica e elas são diferentes, então assim prejudica diretamente o candidato. A cada edição eles mudam as perguntas da anamnese, aí fica muito flutuante e não existe critérios, como os sinônimos, por exemplo, na edição passada eles exigiram uma linguagem acessível ao paciente, para que ele entenda, mas dando o mesmo significado técnico. Nessa edição, eles pediram um termo técnico, então você vê a diferença. Os candidatos se preparam mediante as provas anteriores e não existe um critério”, finaliza.
Senador Alan Rick
O senador Alan Rick anunciou nas redes sociais que a reunião marcada com o Inep para tratar do Revalida foi adiada para esta quarta-feira (1).
Alan Rick tem procurado ajudar os médicos que reivindicam seus direitos para serem aprovados no exame e garantirem o direito de trabalhar na medicina brasileira.