Na segunda semana de março deste ano chegou ao fim o ciclo do treinador José Néstor Pékerman à frente da seleção venezuelana. Essa surpreendente notícia (devido à expectativa de que a parceria entre ambas as partes duraria pelo menos até 2026) despertou o interesse imediato de torcedores de times brasileiros.
Como a Série A começará no terceiro fim de semana de abril (mais precisamente no dia 15), é de imaginar que os dirigentes de alguns dos seus clubes participantes tenham se interessado em contar com os serviços do técnico argentino nascido na pequena cidade de Villa Domínguez (província de Entre Ríos).
Pékerman é um profissional tão respeitado que, se alguma equipe da primeira divisão nacional o trouxer, sem dúvidas a repercussão será grande. Caso isso se concretize, sites de esportes e plataformas de apostas online, que oferecem informações sobre futebol e detalhes que permitem fazer previsões precisas, terão de reformular seus palpites e prognósticos quanto aos principais candidatos ao título em 2023. Sua presença certamente teria impacto no quadro geral do futebol brasileiro.
Realizações notáveis
Para entender o porquê de tamanho prestígio, comecemos pelos anos de Pékerman à frente de seleções de base da Argentina. Com ele, a Albiceleste venceu a Copa do Mundo Sub-20 em 1995, 1997 e 2001, revelando futuras estrelas como Juan Pablo Sorín, Esteban Cambiasso, Juan Román Riquelme, Andrés D’Alessandro e Javier Saviola.
Em 2004 o entrerriano aceitou o convite para treinar a seleção principal. No ano seguinte a equipe chegou à final da Copa das Confederações, e em 2006 às quartas de final da Copa do Mundo. Logo após a eliminação neste último torneio, ele próprio considerou melhor renunciar ao comando técnico.
Tendo dirigido dois clubes mexicanos (o Toluca e o Tigres) entre 2007 e 2009, o argentino assumiu o comando da seleção da Colômbia em 2012. Estes, que não participavam de uma Copa do Mundo desde 1998, conseguiram a classificação aos Mundiais de 2014 e 2018. Em setembro deste mesmo ano chegou o momento de dizer adeus aos Cafeteros.
Uma experiência frustrante
O que se viu nos parágrafos anteriores serve para dar uma ideia do quão esperançosos os venezuelanos se sentiram quando, em novembro de 2021, Pékerman foi anunciado como o técnico de sua seleção. O grande objetivo não poderia ser outro senão classificar a Vinotinto pela primeira vez a uma Copa do Mundo.
As perspectivas eram boas. Em primeiro lugar, devido à expansão do Mundial da FIFA a partir de 2026; em segundo lugar, devido à atual geração venezuelana de jogadores (com atletas como Yeferson Soteldo e Jefferson Savarino). No entanto, após algumas divergências ainda não totalmente esclarecidas, deu-se o anúncio da saída do argentino.
E o futuro?
Não é de descartar a possibilidade de José Pékerman nunca mais treinar outra seleção ou clube de futebol. Aos 73 anos, talvez ele decida tomar um rumo parecido com o de Luiz Felipe Scolari, que em novembro passado (poucos dias após completar 74 anos) declarou que deixaria de ser técnico para ser diretor técnico do Athletico-PR.
Se, no entanto, o argentino acreditar que ainda vale a pena realizar uma última investida à beira do gramado (nem que seja para tirar o gosto amargo deixado por sua última experiência profissional), não há dúvidas de que mais de uma porta no Brasil estará aberta para ele demonstrar tudo o que aprendeu nas últimas três décadas.