As eleições municipais de 2024 ainda estão distantes e as de 2026, gerais para o Governo, presidência da República, duas vagas para o Senado e de deputados federais, mais longe ainda – mas as articulações para os dois pleitos já estão em pleno andamento neste primeiro trimestre de 2023.
É o que se pode depreender de uma visita feita, na semana que está terminando, dos senadores Márcio Bittar e Alan Rick, ambos do União Brasil, ao diretório do MDB, para uma conversa com os chamados “cabeças brancas” do partido. Não por acaso, o MDB foi escolhido para essas conversas porque o partido vem se movimentando nos últimos dias com vistas às eleições municipais ensaiando pelo menos duas candidaturas à Prefeitura da de Rio Branco.
As pré-candidaturas postas seriam do deputado estadual Emerson Jarude e do ex-prefeito petista Marcus Alexandre, atualmente desfiliado do PT e sem partido que vem sendo convidado para se filiar ao MDB. Os chamados “cabeças brancas” do MDB, como são chamados os dirigentes regionais da sigla, têm como chapa dos sonhos para o partido voltar a governar a Capital Marcus Alexandre como prefeito Jarude, vice.
Mas, paralelo a este encontro, pelo menos Márcio Bittar vem conversando com o Republicanos dos deputados federais Roberto Duarte e Antônia Lúcia, além do PL e do próprio PP. No PP, Bittar e Alan Rick foram recebidos pelos dirigentes José Bestene, Lívio Veras e outros.
De novo, a pauta são as eleições municipais. Márcio Bittar não esconde, por exemplo, que espera juntar todos os partidos, incluindo o MDB, para o apoio de Tião Bocalom, que já declarou que é candidato à reeleição.
Mas não é só de eleições municipais que essas articulações são feitas. “Vamos juntar todos os partidos para formarmos o maior bloco possível de alianças para as prefeituras no interior. É claro que em alguns municípios isso não será possível, mas temos que procurar uma aliança ao máximo porque precisamos estar juntos em 2026”, disse Márcio Bittar.
Um dos municípios em que certamente uma aliança desses partidos não será possível é exatamente aquele que detém o título de terceiro lugar em importância econômica e populacional no Estado, Sena Madureira.
É que as duas principais lideranças do município, o deputado federal Gerlen Diniz (PP), que elegeu o irmão Gene Diniz deputado estadual, e o prefeito Mazinho (União Brasil), que elegeu a esposa Meire Serafim deputada federal e o ex-vice-prefeito Gilberto Lira para a Assembleia Legislativa, não são apenas adversários. São inimigos, reconhecem os articuladores desta nova frente partidária, o que impediria uma candidatura única no município, unindo os dois inimigos. “Mas fora Sena Madureira creio que poderemos ter candidaturas únicas em vários municípios numa preparação de uma aliança maior para 2026”, admitiu Márcio Bittar.
A preocupação desta articulação é não permitir a recriação da Frente Popular do Acre (FPA), aquela sigla encabeçada pelo PT que durante 20 anos, em cinco governos consecutivos, governou o Acre. Para Márcio Bittar, o convite a Marcus Alexandre para se filiar ao PSD do senador Sérgio Petecão ou mesmo ao MDB dos chamados “cabeças brancas” é uma tentativa de recriação da Frente Popular do Acre, ainda que disfarçada.
“O PT sabe que o vermelho da sigla, mais os erros cometidos nos 20 anos em que ficaram no poder, não serão esquecidos facilmente pela população e daí esse disfarce de recriação da Frente Popular com a filiação de Marcus Alexandre em outra sigla. É contra isso que estou trabalhando”, admitiu Bittar.