Segundo os dados da pesquisa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), os brasileiros que fumam destinam cerca de 8% da renda familiar mensal para a compra de cigarros industrializados. A pesquisa será apresentada nesta quarta-feira (31), durante o lançamento da campanha “Precisamos de comida, não tabaco”, da Organização Mundial da Saúde (OMS). Nesse contexto, o estado do Acre se destaca entre as estimativas.
“Para pessoas que têm escolaridade mais baixa, que moram em estados ou regiões em que a renda média é menor, o gasto com cigarro acaba tendo uma contribuição relativa maior”, destacou, em entrevista à Agência Brasil, o médico André Szklo, um dos autores do estudo, realizado pela Divisão de Pesquisa Populacional do Inca.
Por isso, entre os fumantes de baixa escolaridade, o comprometimento do gasto com cigarro, em função da renda domiciliar per capita do domicílio onde reside, é maior do que entre os fumantes que têm escolaridade mais elevada. A mesma coisa ocorre em várias regiões do país.
Na região Norte e Nordeste, a renda média é menor se comparada com o Sudeste e Sul. O comprometimento do gasto com o cigarro acaba sendo maior também, apontou o pesquisador. Por sexo, o percentual alcança 8% para os homens e 7% para as mulheres. O Norte e Nordeste concentram os maiores gastos com tabagismo, sendo o estado do Acre o lugar com o maior comprometimento de renda, chegando a 14%, seguido por Alagoas com 12%, Ceará, Pará e Tocantins, com 11% cada.
No gasto analisado pelo Inca, está incluido o gasto com cigarro legal e ilegal. Como se consome um cigarro muito barato no Brasil, André Szklo disse que isso leva a pessoa a não parar de fumar e, também, que adolescentes e jovens, principalmente, acabem sendo motivados e conduzidos a começar a fumar, estimulados pelo preço muito baixo.
O pesquisador alertou que o gasto com cigarro que está comprometendo a renda domiciliar poderia ser aproveitado de outra forma, como no consumo de alimentos saudáveis ou investindo em atividades de lazer, físicas, esportivas, de prevenção de uma série de doenças.
A recomendação é que é preciso voltar a criar barreiras que impeçam o consumo. “E essa barreira para o gasto com cigarro é voltar a aumentar o preço”. Para ele, aumentar as alíquotas que incidem sobre os produtos finais do tabaco e, consequentemente, sobre o preço final do cigarro, é a medida mais efetiva de saúde pública e controle do tabaco, para reduzir a iniciação e estimular a suspensão desse hábito. “Se a gente voltar a aumentar o preço do cigarro, os fumantes vão acabar gastando menos, porque vão parar de fumar”.
Nesta quarta-feira, 31 de maio, se comemora o Dia Mundial sem Tabaco. A data foi criada em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para alertar sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo.