Vítima de tragédia com o assassinato da filha, Glória Perez comenta morte de ator Jeff Machado

Escritora acreana diz que, com prisões de acusados, começa o “festival de álibi”; corpo foi encontrado num baú sepultado numa casa em Campo Grande (RJ)

“Jeff Machado: começou o festival de versões. O álibi dos acusados já nasceu fumaça. Logo a parceria se desfaz e vão estar se acusando mutuamente”, declarou a acreana Glória Perez, autora de novelas na Rede Globo de Televisão, ao comentar a prisão de um dos assassinos do ator Jeff Machado. O corpo do ator foi encontrado dentro de num baú enterrado a dois metros de profundidade sob um piso azulejado e concretado, numa casa no Rio de Janeiro.

Glória Perez é mãe da atriz Daniela Perez, assassinada em 1992 pelo ex-ator Guilherme de Pádua e sua então esposa Paula Thomaz, – o assassino morreu no ano passado, em Belo Horizonte (MG). Após o assassinato da filha, Glória Perez iniciou uma mobilização nacional da população para a criação de lei mais gravosa para quem comete crimes hediondos, que foi aprovada pelo Congresso Nacional.

Gloria Perez e Daniella
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

No caso de Jeff Machado, a Polícia Civil do Rio de Janeiro informou que o ator estava desaparecido desde janeiro deste ano. Nesta sexta-feira (2), uma pessoa foi presa e outra está foragida por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Na Delegacia, o preso fez uma série de declarações que Glória Preez qualificou de “festival de versões”.

O corpo de Jeff foi encontrado no dia 22 de maio em um baú, enterrado sob dois metros de concreto, no quintal de uma casa no Rio de Janeiro. Ele estava com os braços amarrados acima da cabeça e tinha ferimentos no pescoço. Jeff Machado tinha 44 anos e estava desaparecido desde janeiro de 2023. À época, ele interpretava um soldado filisteu na novela Reis, exibida desde março de 2022 pela Record TV.

Instagram/Reprodução

Agentes da Delegacia de Descoberta de Paradeiros descobriram em maio que Jeff estava morto, após terem conseguido a quebra do sigilo telefônico de um suspeito no caso. Maria das Dores Estevão Machado, mãe do ator, acredita que seu filho pode ter sido vítima de uma falsa promessa de emprego em uma emissora de televisão. Essa é uma das linhas de investigação da Delegacia de Descoberta de Paradeiros.

Segundo a defesa de Jeff, a Polícia Civil sabe que um amigo ficou com os cartões do ator e movimentou cerca de R$ 5 mil após o desaparecimento.

Ao denunciar o sumiço do amigo, Bruno De Souza Rodrigues contou à polícia que ficou com as chaves do carro e da casa de Jeff Machado porque o ator faria um trabalho em São Paulo. Ele também aparece como sublocador do imóvel onde o corpo foi encontrado.

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) pediu a prisão temporária de Bruno de Souza Rodrigues e de Jeander Vinícius da Silva Braga, apontados como responsáveis pelo assassinato de Jeff Machado. O crime teria sido premeditado por Bruno com auxílio de Jeander, segundo o pedido de prisão assinado pelo promotor de Justiça Sauvei Lai. A Polícia Civil indiciou ambos por homicídio qualificado e ocultação de cadáver, também solicitando detenção da dupla.

“Os ora indiciados são suspeitos de praticarem os crimes de homicídio e de ocultação de cadáver contra Jefferson, aproveitando-se do momento em que mantinham relação sexual com a vítima para pôr em prática plano criminoso, estrangulando-a e colocando o seu cadáver em um baú, para, posteriormente, ocultá-lo no terreno do imóvel alugado por Bruno, onde o enterraram e concretaram a cerca de dois metros de profundidade”, diz o pedido de prisão.

Bruno Rodrigues era produtor artístico e amigo do ator. Segundo as investigações, Bruno sublocou o imóvel onde o corpo foi encontrado e chegou a movimentar cerca de R$ 5.000 na conta de Jeff Machado após o registro do desaparecimento na delegacia.

Além de Bruno, a polícia indiciou Jeander Vinicius da Silva, que também era próximo da vítima. Durante depoimento, Jeander confessou que ocultou o corpo do ator, mas negou o assassinato.

De acordo com as investigações, Bruno e Jeander tinham como objetivo obter vantagens econômicas da vítima, como a venda do imóvel e do carro.

Em coletiva de imprensa, os advogados João Maia e Pedro Moutinho, que representam Bruno Rodrigues, afirmaram que colaboram com as investigações da polícia e que foi Bruno quem indicou onde o corpo do artista estava escondido.

Segundo os advogados, Bruno, Jeander Vinícius e uma terceira pessoa, chamada Marcelo, teriam ido à casa do ator no dia 23 de janeiro para gravar um vídeo íntimo. Após a gravação, Bruno teria saído do quarto e, quando retornou, encontrou Jeff morto.

Segundo a defesa, o ator foi assassinado por Marcelo e depois o corpo foi colocado em um baú e transportado no carro da vítima até a casa em Campo Grande, na zona oeste do Rio.

Segundo os advogados, Marcelo seria envolvido com a milícia e teria feito diversas ameaças a Bruno. Sobre o valor movimentado na conta de Jeff Machado, os representantes afirmam que o dinheiro foi usado para comprar rações para os cães do ator.

Para a Delegacia de Descoberta de Paradeiros, o envolvimento de uma terceira pessoa no crime foi inventado por Bruno e Jeander para livrar os dois da acusação de assassinato. A defesa da família de Jeff Machado disse que a inclusão de uma terceira pessoa no crime, algo que foi “refutado” pela polícia, é uma “tentativa frustrada de Bruno de sair do crime de homicídio”.

Jeff Machado tinha oito cães todos da raça setter e chamados com nomes de artistas: Tim Maia, Nando Reis, Elis Regina, Cazuza, Vinícius de Moraes, Gilberto Gil, Rita Lee e Caetano Veloso. Os animais do artista foram encontrados em situação de abandono. Seis deles foram levados para tratamento em uma clínica veterinária. A cadela chamada Rita Lee morreu antes que pudesse ser resgatada, e o cachorro de nome Caetano Veloso faleceu um dia após ser acolhido pela ONG Indefesos.

O grupo informou que os demais animais foram encaminhados para novos lares adotivos. Dois foram resgatados em Paciência (RJ), no dia 31 de janeiro deste ano. Por meio do chip nos cachorros, foi possível verificar que Jeff Machado era o tutor.

A organização chegou a conversar com alguém que se passava pelo ator e que disse ter deixado seus cães com uma amiga enquanto estava em outro estado a trabalho.

Dias depois, um homem que se apresentou como Giovani disse para a ONG que havia ajudado Machado a abandonar seus animais de estimação.

O resgate dos animais foi importante para comprovar, em um primeiro momento, que Jeff estava realmente desaparecido, já que a família considerou improvável que o ator pudesse abandonar seus cachorros.

Formado em Jornalismo e Cinema, no início da carreira Jeff chegou a atuar como colunista social em revistas de Florianópolis e Rio do Sul, município do Vale do Itajaí. Em 1997, se mudou para São Paulo e, vivendo entre a capital paulista e o Rio de Janeiro, dedicou-se ao estudo das artes cênicas.

Em 2008, voltou para Florianópolis, onde trabalhou nas áreas de imprensa e artes. Foi assessor de imprensa, produtor, diretor de arte, cenógrafo e vitrinista. Em 2014, foi morar no Rio de Janeiro, onde trabalhava como ator e tinha como principal hobby o surfe.

Tinha 10,9 mil seguidores no Instagram, onde se apresentava como ator, modelo, produtor jornalista, assessor de imprensa e “pai de cães”. Entre as 303 publicações, estão fotos suas na praia de nudismo de Abricó, na zona oeste do Rio.
O assassinato de Jeff Machado segue sendo investigado pela polícia. Enquanto isso, o caso vai repercutindo nas redes sociais. Gloria Perez e Leniel Borel, que passaram por tragédias com as mortes de Daniella Perez e Henry Borel, comentaram o caso no Instagram e opinaram sobre a situação.

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