Promotor do Paraná descumpre mais de 100 vezes medida protetiva concedida à ex-esposa

A mulher contou que ele já jogou água quente nela, ameaçou lhe dar socos e repetia que ela poderia não ver mais a filha

Bruno Vagaes, um promotor de Justiça do Ministério Público do Paraná (MPPR), já descumpriu 101 vezes a medida protetiva que foi concedida à ex-esposa dele, a servidora pública Fernanda Barbieri. Ao jornal O Globo, ela contou que as agressões físicas, verbais, patrimoniais e até sexual começaram há seis anos e que, agora, ela decidiu quebrar o sigilo do processo para ver se alguém a escuta.

Conforme a publicação, Fernanda passou a fazer home office porque não pode sequer sair de casa. À Justiça, ela disse que Bruno, que inclusive já trabalhou na área de violência doméstica, já jogou água quente nela, ameaçava lhe dar socos e falava que ela poderia não ver mais a filha.

Promotor do Paraná descumpre mais de 100 vezes medida protetiva concedida à ex-esposa

“Os ataques começaram em 2017 quando a nossa filha nasceu. Demorei para denunciar porque achava que ele ia mudar. Mas a situação foi se tornando mais grave, ele bebia e colocava a vida da minha filha em risco, e eu comecei nessa missão de denunciar as violências. Hoje eu vivo vendo atualizações do processo, esperando Justiça. Não tenho mais vida social, não posso ir trabalhar, nem ficar na minha própria casa em Londrina porque ele alugou um apartamento perto”, disse Fernanda.

De acordo com O Globo, laudos médicos indicam que Bruno tem transtorno bipolar e sofre de alcoolismo.

Ela pediu a medida protetiva para Justiça em 2019 e Bruno deveria se manter longe a 200 metros ao menos dela e de seus familiares. Mas não foi isso que aconteceu. Desde então, Bruno enviou ao menos 49 mensagens, algumas com insultos, para ela e fez ameaças.

Em 2019, Bruno já chegou a ser condenado a três anos e seis meses de prisão por importunação sexual. Depois, a pena foi aumentada para quatro anos e, em seguida, alterada para prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica.

“Chegou a me oferecer R$ 30 mil para que eu retirasse a denúncia. Ele me levou até Curitiba para mudar o depoimento, dizendo que senão eu sofreria um processo desgastante. Retirei a queixa e depois fiz outro pedido de medida protetiva, até que ele foi condenado”, contou.

Em 2020, o MPPR pediu revogação da prisão dele. A decisão partiu do argumento de que ele percebeu “quão censurável tem sido seu comportamento em relação à ex-mulher”. Em caso de fatos novos, a prisão seria restabelecida. Bruno continua solto e não foi afastado de suas funções na Promotoria de Justiça em Ibiporã, no Paraná.

Ao O Globo, o MPPR disse que não comentaria devido ao “sigilo”, mas informou que acompanha o caso por intermédio da Subprocuradoria-Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos.

Já o escritório Alves e Faria Advocacia, que representa a vítima, disse que “o agressor é Promotor de Justiça e a reprovabilidade dos fatos demanda o rigor das instituições”. Procurado pelo jornal por meio do seu advogado, Bruno não quis se manifestar.

 

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