O Palácio Rio Branco, sede do governo do Acre, localizado em Rio Branco foi construído em 1930. O grande prédio branco no Centro da capital chama atenção por sua arquitetura diferente das demais. O edifício faz uma releitura dos elementos clássicos, mesclando com os do movimento moderno do art déco.
No final da década de 20, o político paraense Hugo Carneiro foi indicado para exercer o cargo de governador do Acre e Rio Branco tinha uma estética diferente da atual. Um dos responsáveis pela mudança foi Carneiro.
Uma dessas mudanças aconteceu no segundo aniversário de governo de Hugo Carneiro, quando em 15 de junho de 1929, lançou-se a pedra fundamental do Palácio Rio Branco. Inaugurado ainda inacabado em 1930, o edifício foi concluído totalmente no governo Guiomard Santos.
“O projeto para construção do palácio feito pelo arquiteto Massler, contratado especialmente para este fim, era ambicioso e previa, entre outras coisas, “escadas em mármore de Carrara”, “pisos de ‘parquets’ de madeira de lei do Pará” e “tetos em estuque com ornatos originais”. Seguia a ultima moda dos grandes centros urbanos do Brasil e do mundo. Assim foi”, disse o ex-governador Jorge Viana em seu website ao falar sobre a história do monumento.
O historiador Marcos Vinicius contou ao ContilNet parte da história do Palácio. “Hugo Carneiro foi responsável por uma mudança importante na configuração e na paisagem das cidades acreanas. Até então, no governo Carneiro, as pessoas acreditavam que não era possível construir prédios em alvenaria no Acre, porque não tinha rocha, o solo é muito argiloso e fica muito mole na época de chuva, então achavam que não era possível e as cidades acreanas eram inteiramente construídas na madeira”, disse.
Em 1927, Hugo Carneiro construiu o primeiro grande prédio de alvenaria, que é o Mercado Velho, na beira do Rio Acre. “Mostrou que é possível fazer esse prédio de alvenaria e em seguida, ele constrói o quartel da Polícia Militar, em frente à Praça da Revolução e, depois, o Palácio Rio Branco. A construção desses três grandes prédios é a prova da viabilidade das construções de alvenaria, que a partir daí, passaram a ser objetos de desejo da população. Então passou a ser chique morar em casa de alvenaria”, explicou.
Segundo o historiador, quando terminou o governo Carneiro, o Palácio ainda não estava concluído totalmente, apenas a parte de fora, mas as colunas não estavam terminadas. O Palácio fica semi concluído durante quase 20 anos e foi concluído totalmente na época de Guiomard Santos.
Marcos explicou ao ContilNet que no primeiro piso do Palácio, funcionava a parte administrativa e no segundo piso, era o gabinete do governador, como é nos dias atuais, mas a diferença é que a residência da família do governador também era no segundo piso.
“Quando foi eleito o primeiro governador do estado do Acre, José Augusto Araújo, ele tomou posse em 1963, um ano e pouco depois, em 1964, a Ditadura Militar começou no Brasil e obrigou José Augusto a renunciar e assumiu no lugar dele, o capitão do Exército, Edgar Cerqueira, que se tornou o governador do Acre por conta da Ditadura Militar, de maneira forçada, não foi um processo pacífico, nem democrático e ele ficou no governo durante 2 anos, saiu para concorrer a Senador e acabou sendo derrotado na eleição”, disse.
Segundo Marcos, algumas fontes de pesquisas apontam que quando Edgar Cerqueira foi embora do Acre, em 1966, encheu vários caixotes com itens de dentro do Palácio, como prataria, talheres, pratos, móveis, quadros.
“Em 1999, quando começou o processo de revitalização do Palácio Rio Branco, os únicos itens que tinham lá dentro que eram originais que tinham sobrado desse flagelo que foi o governador Edgar Cerqueira, foi o lustre do Salão Nobre, que está lá até hoje, e as placas de inauguração do Carneiro e do Guiomard Santos, fora isso, o que sobrou foi uma mesa e um armário que estão no Acervo do Museu da Borracha, que o governador Geraldo Mesquita passou isso para o museu”, explicou.
Atualmente, o Palácio Rio Branco funciona como sede do governo do Acre, com gabinetes no segundo piso. Já no primeiro piso, funciona um Museu com história do Ciclo da Borracha, Povos da Floresta e Chico Mendes, além de detalhes da história do Palácio.