Gilberto Gil revelou que já se relacionou com homens no passado. Apesar disso, o músico relata que a experiência não muda a forma como ele vê o assunto em sua vida, por tratar-se de algo vivido em outra época.
Em entrevista à Veja, Gil ainda abordou as especulações sobre um possível caso entre ele e Caetano Veloso, de quem é amigo desde a juventude. Ele diz que os boatos nunca o incomodaram “Encarava essas especulações como consequência da nossa proximidade, dos nossos gostos e do encantamento mútuo. Talvez isso pudesse provocar fantasias a respeito do que seriam possíveis “desembocares” de sexualidade entre nós, o que sempre tratamos com naturalidade”, disse.
Gilberto Gil disse ainda que nunca se sentiu atraído por homens da mesma forma que sente atração por mulheres. Apesar disso, revelou que já teve relações íntimas com homens. “Isso não afeta meu modo de ver o assunto na minha vida. Essas questões de amor, amizade, respeito foram possíveis em momentos em que a sexualidade era uma coisa mais vibrante em mim. Como disse, houve épocas em que ela se aproximou de outros, mas nunca na mesma forma como de outras. Para mim, jamais foram coisas iguais”.
O ícone da MPB ainda diz que nunca cogitou ter um relacionamento aberto com a esposa, Flora, em quatro décadas de casamento. “Flora e eu somos abertos ao mundo, mas nunca especulamos nada na direção do sexo livre. Nosso convívio tem uma enorme benignidade. Há uma delicadeza no trato e, para todo mal que surge, a Flora é o próprio remédio”, respondeu.
Preta Gil
Gilberto Gil comentou a respeito do câncer que a filha, Preta Gil, enfrenta. O músico disse que acompanha o dia a dia da filha com os tratamentos, mantendo contato com ela e com os médicos.
“É uma aflição ver uma menina, uma filha que nem tem 50 anos, sofrendo de uma doença apavorante. Falo com a Preta o tempo todo, com os médicos, e leio a respeito. Ela vive cercada pela família e estamos reunindo forças e propósitos para lhe dar o melhor tratamento, renovar sua disposição e sua positividade espiritual”.
Drogas
Na entrevista à Veja, Gil também falou sobre sua relação com o uso de drogas, e revelou que desde 2010 não usa maconha com frequência. “Eventualmente posso dar um tapa. Usei de 1967 até 2010, mas deixei porque passou a me dar uma leve taquicardia. Antes, gostava de fumar para tocar, cantar, compor. Costumo dizer que dois tipos de música não teriam surgido sem a maconha, bossa nova e reggae”.
Gilberto Gil disse ainda que teve experiências com ácidos durante o exílio em Londres. “Esses experimentos me interessavam na época e se refletiam na atitude musical. Também era um elemento que ajudava na adaptação à vida fora e à atmosfera londrina. Caetano sempre foi “Caretano”, nunca se interessou por essas viagens. Já Rita Lee era parecida comigo, apreciava essas experiências”.
Perdas
Gilberto Gil também falou sobre as perdas de Rita Lee e Gal Costa, de quem era muito próximo. Ele se disse assustado com a finitude da vida em momentos de grandes perdas, como as mais recentes.
“A minha vida é um trançado, um crochê com as de Gal e Rita. Nascemos no mesmo tempo na Terra e juntamos os instrumentos que Deus nos deu. Elas se foram, eu fico até sei lá quando. Não me vejo para sempre em grandes espetáculos, mas vou estar no palco eventualmente”, disse.
“Tenho quatro ou cinco músicas inéditas, apenas tocadas, sem letra ainda. Quero estar em conformidade, uma expressão de que gosto — vivendo conforme a idade”, concluiu.