Indígena fala sobre desafios de ser LGBTQIAP+ em aldeia no Acre: “Estamos evoluindo”

Indígena fala sobre desafios de ser LGBTQIAP+ em aldeia no Acre: “Estamos evoluindo”

Aos 23 anos de idade, Ageu Puyanawa deu um passo corajoso ao se assumir uma pessoa LGBTQIAP+, na Terra indígena Puyanawa, em Mâncio Lima, interior do Acre.

O episódio que antes foi considerado “constrangedor” pelo indígena, hoje é visto como libertador. “Tem muito preconceito dentro da aldeia. É uma questão delicada entre os povos indígenas. Eles não tem costume de ver um gay indígena. Não são adaptados com isso”, disse ao ContilNet.

Ageu é estudante de Engenharia Agronômica. Foto: cedida

Ageu conta que teve todo o suporte da família, dos amigos e dos familiares do namorado. O indígena atualmente mora em Cruzeiro do Sul, onde cursa Engenharia Agronômica, na Universidade Federal do Acre, no Campus Floresta. “Ele [o namorado] foi meu ponto mais seguro quando eu me assumi. Ele quem me ajudou. Mesmo não sendo indígena, foi a pessoa que me apoiou nesse momento que todos nós sabemos que é muito difícil”.

Ainda em relação a ser gay e indígena, Ague diz que existe um receio por boa parte das pessoas que acabam não tendo a coragem de se assumir dentro das comunidades indígenas.

“Muitas pessoas dentro da aldeia são gays mas tem essa questão do medo, de ser rejeitado pela família, rejeitado pelo povo”.

Quebrando tabus

Mesmo passando por um momento difícil, o estudante indígenas diz que o assunto começou a ser abordando dentro das aldeias e as discussões sobre o tema começaram a evoluir.

O estudante indígena se assumiu gay recentemente, quando morava na Aldeia Puyanawa, em Mâncio Lima, no Acre. Foto: cedida

“Ser gay e indígena é algo diferente, que nós estamos começando a viver hoje. Estamos evoluindo”.

“Minha personalidade”

Se assumir dentro de casa e da comunidade indígena é algo que deve ser interpretado como inspirador para outros indígenas LGBTQIA+ no Acre.

“A maioria das pessoas que eu conheço, dentro e fora da Universidade, tem um respeito por eu ser gay e indígena. Eu gosto de ser quem eu sou. Do jeito que eu sou. Essa é minha personalidade. Há diversidade nesse meio. Isso é diversidade”.

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