O combate a crimes na internet — inclusive apologia ao nazismo, ameaça de massacre e estupro de vulnerável — entrou na mira do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), da Diretoria de Inteligência da Polícia Civil do Piauí (PCPI) e do Grupo de Investigação de Crimes Cibernéticos (CyberGaeco) do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), nesta sexta-feira (21/7).
As equipes de investigação deflagraram a Operação Pessinus, nesta manhã, e cumpriram mandados de internação provisória contra dois adolescentes, de 13 e 17 anos. O mais novo deles teria feito 10 vítimas, com idades a partir de 12 anos — e costumava ganhar a confiança delas para fazer pedidos criminosos.
As apurações revelaram que esse dos adolescente morava no Piauí e tinha perfis com culto a símbolos nazistas, inclusive imagens de automutilação e a cruz suástica.
Além de idolatrar e propagar imagens de assassinos de massacres escolares, o adolescente de 13 anos fazia apologia a crimes contra a vida e os incitava.
O jovem também divulgava links de acesso a um grupo de mensagens, onde compartilhava conteúdos proibidos de tortura, pedofilia e crueldade contra animais e pessoas.
O mesmo adolescente ameaçava, ainda, sequestrar, estuprar e matar uma das vítimas dele; cometia diversas violências sexuais pela internet; e exigia que a ex-namorada se automutilasse em frente às câmeras.
“Ele jogava a responsabilidade para as vítimas, dizendo que eles iam para os grupos de bate-papo porque queriam, desejando atenção”, afirmou o delegado Anchieta Nery, da PCPI, e diretor de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI).
Vítima de extorsão
Dos perfis identificados pelos investigadores, outro chamou a atenção. Tratava-se de uma adolescente que teria intenção de incendiar uma escola. No entanto, a polícia descobriu que, na verdade, ela havia sido vítima de extorsão sexual.
Com base nas informações coletadas, a PCPI abriu inquérito e pediu à Justiça a emissão e mandados de busca, apreensão e de internação provisória contra os adolescentes infratores. As polícias do Rio de Janeiro (PCERJ) e do Mato Grosso (PCMT) apoiaram a ação.
Operação Pessinus
A operação ocorreu após investigadores encontrarem perfis em redes sociais que demonstravam a intenção de cometer atos graves de violência, como estupros e mutilações, massacres em unidades de ensino e cultos a símbolos ligados ao nazismo.
os agentes cumprem cinco mandados de busca e apreensão, bem como dois mandados de internação provisória, nas cidades de Ilha Grande (PI), Biguaçu (SC), Lucas do Rio Verde (MT) e Macaé (RJ).
Crimes virtuais combatidos pela operação:
- Ameaça;
- Estupro de vulnerável;
- Constrangimento ilegal;
- Apologia a crime ou criminoso;
- Violência psicológica contra a mulher;
- Incitação à discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
O nome da força-tarefa faz alusão à cidade de sepultamento ao semideus Átis. Na mitologia grega, ele teria enlouquecido e se automutilado, como forma de purificação ou ritual religioso.
A figura mitológica acabou assassinada e enterrada na cidade de Pessinus, o que, simbolicamente, deu fim à mutilação de Átis.