Nova superintendente da PRF no Acre fala sobre desafios de mulheres em chefias

O trabalho da PRF no Acre está presente ao longo de cerca de 1.400 quilômetros de rodovias federais

O dia 23 de julho é marcado pelo Dia do Guarda Rodoviário ou Dia do Policial Rodoviário. No Acre, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) atualmente conta com 102 agentes efetivos, sendo 10% formados por mulheres.

Apesar da PRF comemorar na próxima segunda-feira (24) 95 anos, o Acre só passou a contar com uma superintendência em 2016, pois desde a década de 90 com a chegada dos quatro primeiros agentes, o estado tinha apenas uma delegacia.

O trabalho da PRF no Acre está presente ao longo de cerca de 1.400 quilômetros de rodovias federais. A Superintendência do Acre é a mais jovem regional do país, inaugurada em abril de 2016, com circunscrição que abrange além do território acreano, o extremo sul do Amazonas e extremo oeste de Rondônia. Está localizada em posição estratégica, com prioritária atuação no combate aos crimes transfronteiriços, como enfrentamento ao narcotráfico, tráfico de seres humanos, roubo e furto de veículos, além da nobre missão da manutenção da segurança viária e fluidez no trânsito.

Foto: Divulgação/PRF

Em alusão ao Dia do PRF, o ContilNet conversou com a nova superintendente da PRF, Liége Vieira, que tomou posse na última semana.

Liége Vieira, de 39 anos, é licenciada em Educação Física, pós-graduada em Educação Transformadora pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul e ingressou na Instituição no ano de 2016, mesmo ano em que a PRF se tornou superintendência no Acre.

Liege ao lado do Diretor Geral da PRF, Fernando Oliveira. Foto: PRF

Ao ContilNet, a nova chefe revelou projetos e expectativas para o futuro na superintendência, além dos principais desafios de chefiar uma PRF que atua em região de fronteira.

“Uma parte desafiadora para nós, porque além da gente não ter ainda unidades operacionais ao longo da BR-364, a gente também não tem muita comunicação. Isso tudo está sendo desenvolvido e ampliado. Nosso desafio hoje é justamente ampliar nossa área de atuação e a nossa abrangência no combate ao crime”, disse.

Além do combate ao tráfico de drogas, a PRF também atua diretamente no combate aos crimes contra os direitos humanos, como exploração sexual, tráfico de pessoas, trabalho escravo e também os crimes ambientais.

“São eixos que não podemos deixar de atender. Esse é um desafio para nós, termos efetivo para conseguir atender a demanda do estado nesse quesito, porque o efetivo no combate ao tráfico de drogas funciona muito bem, pois temos apreensões quase diárias, porém precisamos ampliar”, afirmou.

Dentre tantas ações da PRF, um dos projetos que Liége pretende implementar é o resgate de valores cidadãos, com uma polícia mais comunitária. “Uma polícia mais voltada à proteção da vida, à cidadania, aos valores humanos, inclusive com o desenvolvimento maior na área de direitos humanos dentro da polícia e expandir essa área internamente na gestão. Ela é mais democrática, eu estou sempre convidando todos os chefes para decidir em conjunto e fazer colaborar com a gestão com ideias e propostas”, explicou.

Liege é a nova superintendente da PRF no Acre. Foto: ContilNet

A superintendente contou ainda que tem criado uma rede de informação para que o policial se sinta parte e incentivado a colaborar em desenvolver as potencialidades de cada um. Além disso, mostrar para a sociedade os serviços prestados pela PRF também é um dos projetos da nova gestão.

Projetos

A superintendente revelou ao ContilNet que pretende construir uma nova base operacional em Cruzeiro do Sul, visto que só há bases em Rio Branco, Acrelândia e Xapuri e a PRF vai aos outros municípios quando há ocorrências ou operações. Segundo Liége, a nova base operacional deve começar a ser construída em 2024.

Poucas mulheres em cargos de chefia

Liége Vieira é uma das poucas mulheres superintendentes da PRF no Brasil, ao lado apenas da chefe da instituição em Rondônia. No Acre, Liége lidera uma equipe de chefes formada apenas por homens. Para ela, é gratificante.

“Eu esperava que fosse existir algum tipo de resistência por parte dos colegas, porque além de eu ser uma das poucas superintendentes mulheres, aqui no Acre não tem nenhuma mulher em cargo de chefia. Eu sou uma mulher que chefia todos os outros chefes homens. Eu imaginava que existisse alguma resistência, porém não ocorreu. O pessoal aqui é muito colaborativo e eles entendem que é muito importante ter uma visão feminina, uma visão que não visa competitividade, mas a colaboração”, disse.

PRF em Rio Branco. Foto: ContilNet

Liége afirma ainda que acredita que os desafios das mulheres em carreira policial se dão por diversos fatores. “Primeiro, por ser uma carreira tradicionalmente exercida por homens e isso já cria uma aversão, por achar que é um trabalho truculento, de força, e a mulher se sente coibida e rejeita aquele ambiente. Eu creio que a participação das mulheres em cargos de chefias ajude também outras mulheres a quebrar essa visão, para que elas tenham mais força para ingressar e saber que a polícia também é um local que recebe as mulheres e tem muito a crescer com a contribuição feminina”, explicou.

A chefe da PRF no Acre também ressaltou que não imaginava que seria reconhecida por outras mulheres em lugares fora da PRF, como em restaurantes e lojas. “Elas falam comigo e dizem que eu as represento e eu penso sempre que o sucesso de uma, é o sucesso de todas, porque nós temos tão poucas em cargos de chefia. Então eu acho que a responsabilidade é bem maior”, completa.

Aniversário da PRF e Expoacre 2023

No dia 24 de julho, segunda-feira, é celebrado os 95 anos da PRF e em alusão à data, todas as superintendências preparam programações para este dia.

Dentre as programações, estão vídeos e atividades educativas, com interação com a sociedade, além de exposições de viaturas e o cinema rodoviário.

Já na Expoacre 2023, a PRF estará presente pela primeira vez no parque de exposições. Segundo a PRF, haverá exposições de viaturas e entrega de brindes.

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