Exclusivo: corpos de detentos mortos em rebelião foram amontoados na entrada de presídio

O diretor do IML, João Thiago Marinheiro, concedeu entrevista ao ContilNet e deu detalhes da perícia

Após o fim da rebelião que foi iniciada nesta quarta-feira (26), em Rio Branco, uma equipe de quase 20 integrantes do Instituto Médico Legal do Acre (IML) se dirigiu ao presídio de segurança máxima Antônio Amaro Alves, no final da manhã desta quinta-feira (27), para recolher os corpos dos presidiários que foram mortos – três deles decapitados – durante o confronto.

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Presídio Antonio Amaro Alves/Reprodução

Os mortos eram integrantes da facção Bonde dos 13, e os rivais, que provocaram os ataques e o roubo de armas pesadas dentro do presídio, fazem parte do Comando Vermelho.

Em entrevista exclusiva concedida ao ContilNet, o diretor do IML, João Thiago Marinheiro, explicou que 10 peritos, quatro agentes, outros quatro auxiliares de necrópsia e um médico legista foram os responsáveis por atender a ocorrência. O grupo só conseguiu chegar ao presídio por volta das 10h30, quando as negociações entre a polícia e os presidários tiveram êxito e a rebelião foi encerrada.

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Com a rendição, as forças de Segurança estão fazendo uma varredura no local – Foto: Reprodução

“Esperamos encerrar as negociações para ir até o presídio e identificar os corpos. Fomos com toda equipe entender o cenário e realizar as etapas da perícia”, informou Marinheiro, que disse que a avaliação também foi acompanhada por membros do Ministério Público do Acre (MPAC).

O diretor do IML afirmou que os cinco corpos foram levados pelos próprios presidiários para a área de entrada do prédio – local que fica a pelo menos 5 metros de distância da porta principal. Os que foram decapitados, tiveram suas cabeças colocadas ao lado dos corpos.

“Os corpos estavam amontoados na entrada do presídio e as cabeças dos que foram decapitados estava ao lado. Os próprios presos colocaram os corpos no local”, comentou.

João disse ainda que um dos mortos estava com marcas de queimadura pelo corpo. O que a perícia consegue atestar, até o momento, é que uma cela foi incendiada. Não se sabe se os rivais tentaram queimar a vítima dentro do espaço.

“Em todos esses anos, já nos deparamos com cenas parecidas, mas nunca dentro de um presídio. Tinha muito sangue espalhado pelo chão, mas não tinha odor”, acrescentou o diretor.

Um dos mortos já foi identificado: trata-se de Marcos Cunha Lindozo, o “Dragão”. Ele é considerado como o principal líder da facção criminosa Bonde dos 13 e era responsável por comandar diversos crimes no estado. Ele chegou a ser preso em Rio Branco em outras ocasiões e conseguiu fugir para São Paulo, mas em 2018 acabou preso por agentes da Polícia Civil do Acre que foram à capital paulista e o localizaram. Em São Paulo, “Dragão” vivia uma vida de luxo com a esposa que também foi presa.

O IML ainda não tem data para emitir um laudo sobre as mortes.

Entenda como ocorreu a rebelião

Na manhã desta quarta-feira (26), policiais penais foram feitos reféns por vários detentos dentro do Presídio Antônio Amaro Alves, em Rio Branco.

Um agente foi ferido com um tiro no olho e hospitalizado no Pronto Socorro da capital. Os presos conseguiram ter acesso ao arsenal de armas do presídio.

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A Sejusp informou que policiais que estavam de folga foram convocados para ajudar a conter a rebelião. Eles se apresentaram na Unidade Básica de Saúde do Complexo Penitenciário Francisco de Oliveira Conde, para fazer atendimentos, caso necessário.

Integrantes do Comando Vermelho invadiram o presídio, mantiveram refém os agentes e entraram na sala onde estavam cinco fuzis, 20 munições e uma espingarda calibre 12.

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