Polícia investiga se agentes públicos facilitaram rebelião em presídio e dá novos detalhes

Segundo o delegado, o inquérito tem até 30 dias para ser concluído, mas havendo necessidade, poderá ser solicitado um período a mais

A Polícia Civil do Acre, em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (28), deu detalhes sobre o andamento das investigações dos crimes ocorridos no interior do presídio Antônio Amaro, na última quarta-feira (26). Além disso, o delegado-geral José Henrique Maciel, informou também como estão as investigações.

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A polícia concedeu uma coletiva à imprensa nesta sexta-feira (28)/Foto: ContilNet

Segundo o delegado Henrique, a Polícia Civil instaurou dois inquéritos para tratar dos homicídios e lesões corporais dentro do presídio e também de como iniciou a rebelião. “O segundo inquérito vai averiguar se houve facilitação por parte de agentes públicos. O inquérito é para apurar a dinâmica do que aconteceu, do início que causou as mortes”, disse.

A rebelião no presídio Antônio Amaro deixou cinco mortos, sendo que três deles tiveram a cabeça decapitada. As mortes foram confirmadas. Os corpos de Ricardinho Vitorino de Souza, David da Silva Lourenço, Lucas de Freitas Murici, Marcos da Cunha Lindozo, Francisco das Chagas Oliveira, foram identificados, reconhecidos e entregues às famílias.

Segundo o delegado Henrique, o inquérito tem até 30 dias para ser concluído, mas havendo necessidade, poderá ser solicitado um período a mais para a finalização. Um dos inquéritos está sob responsabilidade da Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), para tratar de homicídios e lesões corporais.

Segundo o diretor do Departamento de Polícia Técnica Científica (DPTC), Sandro Martins de Souza, diversos profissionais foram acionados para estarem preparados. “A partir do momento que o delegado nos acionou, ficamos de prontidão até o momento em que a perícia pode adentrar no presídio, que foi às 10h da quinta-feira, e a equipe só saiu às 16h, porque o tratamento foi grande, foi tenso”, explicou.

Presídio de segurança máxima Antônio Amaro Alves/Foto: Reprodução

Sandro disse ainda que os corpos vieram para o Instituto Médico Legal (IML) e a equipe se debruçou para os exames cadavéricos. O último corpo foi liberado às 22h da última quinta-feira (27).

“Fizemos todo o trabalho de preparação diante do que era anunciado, fizemos uma rotina com equipamentos e materiais, até as 22h de ontem. A Polícia Civil através do Departamento Técnico-Cientifico estava preparada. Finalizamos o trabalho com rigor técnico-científico e estamos e estaremos a disposição para cumprir nosso trabalho”, disse.

Segundo o diretor do IML, Ítalo Maia Vieira, essa é a primeira vez que o IML está dando alguma informação sobre esse caso, como os nomes. “Nosso trabalho foi o de rotina, apesar de ser um caso atípico, assim que fomos acionados nos preparamos para o evento. O IML atua em duas frentes, tanto com os exames cadavéricos como os exames de corpo de delito dos detentos que estavam lá. Todos os corpos foram reconhecidos e identificados”, disse.

Segundo o diretor do IML, três corpos foram decapitados. Com relação as informações dos corpos que teriam sido incendiados, o diretor disse que o ideal é aguardar o laudo para confirmar a informação, assim como aconteceram as mortes.

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Polícia investiga se agentes públicos facilitaram início de rebelião em presídio/Foto: ContilNet

De acordo com João Thiago Marinheiro, diretor do Instituto de Criminalística da Polícia Civil, o trabalho foi bem detalhado. “Só no local, demoramos 6 horas e é a menor parte do trabalho. Nosso trabalho maior vem agora. Tudo que tínhamos que coletar, conseguimos materializar no local. Agora vamos coletar os vestígios e vamos montar toda a dinâmica para colocar no laudo”, disse.

De acordo com João Thiago, as provas já foram catalogadas até a noite de quinta-feira (27) e estão com o setor de balística. A partir das coletas, serão feitos vários laudos para juntar em um só para a dinâmica.

“Foi feita toda a perícia que precisava ser feita, tanto como danos ao patrimônio, como celas individuais. Tivemos acesso a todo o presídio. Dividimos em algumas frentes de serviço. Alguns ficaram na parte dos corpos, outros na parte dos danos e outro na parte da dinâmica”, explica João Thiago.

Com relação ao agente ferido, ainda nesta quinta-feira, o homem foi ouvido pelo delegado da DHPP, no Pronto-Socorro de Rio Branco. Segundo o delegado Henrique, há dois delegados ouvindo 10 detentos e serão ouvidos todos aqueles que forem necessários ouvir.

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