Formiga recém-descoberta ganha nome científico de acreana morta por luta contra hidrelétrica

A descoberta da nova espécie foi realizada por uma pesquisa na Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Em 2016, após 5 meses desaparecido, o corpo de Nilce de Souza Magalhães, a Nicinha, ativista do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), foi encontrado no lago da barragem da usina hidrelétrica de Jirau, em Porto Velho (RO).

Nascida em um seringal de Xapuri, no Acre, Nicinha era filha de seringueiros acreanos. O corpo dela foi achado com mãos e braços amarrados a pedras pesadas, o que o mantinha dentro da água, em um trecho do rio Mutum, a 400 metros de distância do local em que morava.

Nicinha nasceu em um seringal de Xapuri, interior do Acre/Reprodução

Uma crítica direta a construção da hidrelétrica de Jirau, Nicinha era ativista da pesca na região, que teria sido afetada após a barragem ser construída, o que segundo o MAB, havia desencadeado conflitos que resultaram no seu assassinato.

Em 2017, Edione Pessoa da Silva, foi condenado a 15 anos e seis meses de prisão, em regime fechado, por ter assassinado Nicinha. Após 14 horas de julgamento, ele foi condenado por homicídio qualificado e ocultação do cadáver.

Homenageada em pesquisa na UFPR

Nicinha foi homenageada durante a descoberta de uma nova espécie de formiga, feita por uma pesquisa da Universidade Federal do Paraná (UFPR). A acreana foi eternizada pela entomologia, com o nome científico do inseto recém-descoberto, que agora se chamará Dinoponera nicinha.

Dinoponera nicinha, espécie que homenageia a acreana. Foto: Hilario Povoas de Lima

“A D. nicinha é uma formiga gigante. Foi encontrada durante uma pesquisa na UFPR que realizou a revisão taxonômica do gênero Dinoponera, conhecido por possuir as maiores formigas do mundo, que chegam a ultrapassar 3,5 centímetros de comprimento total. O estudo publicado na revista European Journal of Taxonomy reuniu a maior quantidade de espécimes de machos e fêmeas já examinados até o momento e descobriu a nova espécie, batizada em homenagem à ativista ambiental e de direitos humanos”, explica trecho da pesquisa da UFPR.

A formiga foi encontrada em regiões do Amazonas e de Rondônia. ˜Em Porto Velho, as formigas foram encontradas em uma região próxima a áreas que sofrem impacto de uma usina hidrelétrica — o que tem relação com a ativista, que atuava no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) da região˜.

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