Sob os olhares de 75.748 torcedores — lotação máxima atingida todas as vezes que a seleção australiana jogou no Stadium Australia —, as Matildas se despedem da Copa do Mundo de 2023 em partida que deixou gosto amargo. Por 3 a 1, a Inglaterra bateu as donas da casa e chegou pela primeira vez a uma final da competição, com gols marcados por Ella Toone, Lauren Hemp e Alessia Russo. Quem descontou para as Matildas foi Sam Kerr, que teve momentos do céu ao inferno.
Fazendo valer sua superioridade técnica desde o início, a Inglaterra não teve dificuldades para controlar a partida e aproveitou as oportunidades com eficiência. Mesmo quando estava sofrendo pressão na partida, manteve o psicológico intacto e conseguiu balançar as redes nos momentos mais decisivos. Na primeira etapa, Ella Toone abriu o placar em um momento que as Matildas pressionavam, e na volta do intervalo, Sam Kerr marcou um golaço de fora da área para igualar o placar.
Mas os erros da Austrália abriram o caminho para as inglesas sacramentarem a vitória e classificação inédita para a decisão. Depois do gol de Hemp em vacilo da defesa, as Matildas seguiram tentando o empate, e Kerr teve ainda duas grandes chances, de cabeça e em um chute de primeira, da entrada da pequena área, mas falhou na pontaria. No final da partida, Alessia Russo não hesitou e ampliou a vantagem, consagrando a classificação.
O jogo
Adversária que, apesar de jogar contra a torcida, era a favorita para vencer o duelo, a Inglaterra usou sua superioridade técnica para se estabelecer dentro da partida. Com maior posse de bola, as Leoas passaram boa parte da primeira etapa trocando passes e estudando a melhor forma de quebrar as linhas da defesa adversária, e chegou a ter boas chances, apesar de encontrar dificuldade na pontaria.
A Austrália, pela primeira vez em uma semifinal de Copa do Mundo, sentiu a pressão da decisão e apresentou um rendimento menor do que as últimas exibições. Entre erros de passes e posicionamento hesitante sem a bola, as Matildas se viram com poucos recursos para buscar o resultado. Os contra-ataques, que poderiam ser a estratégia para chegar ao gol, também não funcionavam, com muitos erros de pontaria na transição ofensiva.
Mas a Austrália seguiu tentando, e até criou boas jogadas em sequência, mas o último passe não encaixava. O bom momento deu ânimo para as jogadoras e a torcida na arquibancada, que cantava durante a partida. Mas não durou muito. Aos 35 minutos, em uma típica jogada das Leoas, a bola foi trabalhada pela direita até chegar em Russo na linha de fundo, que rolou na diagonal para encontrar Toone em boa posição desmarcada dentro da área. De primeira, ela bateu forte e a bola estufou o ângulo da goleira Arnold.
Logo na volta do intervalo, a Austrália voltou com a sede de empate e Sam Kerr teve boa chance em finalização de cabeça, mas não foi eficaz. Aos 18 minutos, a estrela da principal jogadora das Matildas, que começou a partida pela primeira vez no Mundial, brilhou e ela fez a diferença. Depois de bola roubada ainda no campo de defesa, Fowler lançou para Kerr, que avançou em direção ao gol de Earps deixando para trás duas adversárias. De fora da área, ela acertou uma bomba que encontrou o ângulo esquerdo da goleira, que nada pode fazer para impedir o placar de ser igualado.
A euforia australiana até empurrou o time por alguns minutos, e no melhor momento das Matildas no jogo, uma falha coletiva mudou o rumo do confronto. Em bola longa lançada por Bright no setor defensivo, Lauren Hemp venceu duelo com Ellie Carpenter e, entre duas marcadoras, chutou no canto de Arnold, que não conseguiu evitar e viu a Inglaterra abrir a vantagem novamente.
O gol não desanimou as Matildas, e Gustavsson sacou a zagueira Polkinghorne para a entrada da meia-atacante Van Egmond. A Austrália aplicou pressão, e teve boas chances: duas vezes com Kerr, que de cara para o gol errou a mira, e chute de Vine, mas a bola parou nas mãos de Earps. Mas quem não faz leva, e a Inglaterra precisou só de uma bola para matar a partida aos 40 minutos. Em contra-ataque, Lauren Hemp avança em direção ao gol e, em novo vacilo da zaga australiana, Alessia Russo fica livre pela direita e não desperdiça em chute cruzado indefensável.