Transar menstruada pode sim, e tem quem fique louca de desejo nesses dias

Nova música e clipe de Luísa Sonza são uma ode ao tesão menstrual

Em foto colorida, mulher aparece deitada em uma cama toda manchada de sangue

Luísa Sonza no clipe Campo de Morango – Reprodução/Instagram

Tem uns dias em que eu não quero pensar em homem – sou heterossexual e minha libido envolve eles, paciência. Nesses dias eu fico com raiva de qualquer coisinha, até um bom dia efusivo demais me desperta ímpetos agressivos. Meus vibradores ficam no canto deles, com a bateria indevassada.

Mas aí, no dia seguinte ao dia-da-máxima-fúria, o sangue aparece e vem aquela sensação de alívio: não, eu não estava me transformando em uma serial killer avessa a sexo, era só a TPM. Então, a raiva não vai toda embora, ainda fica ali, mas vai sendo escalada pelo desejo e pela vontade de sentar com ódio.

Por isso, eu só consegui pensar em uma boa transa menstruada ao ver o clipe de Campo de Morango, de Luísa Sonza. Talvez eu esteja vendo aquilo que quero ver, mas a metáfora não me pareceu sutil (e tudo bem). A loura vai passeando, pisando em frutas vermelhas, até chegar a uma cama com lençol branco que vai ficando cada vez mais vermelho e cheio de pedaços em uma cena que remete a um farto segundo dia de menstruação, daquelas com coágulos.

Nojento? Sexy? A letra da canção sugere a segunda opção: sonhei com campos de morango, tu provando da fruta enquanto eu tava me excitando, acordei, tu tava me chamando, eu tava de ladinho e tu ia colocando, (…) segura mais um pouco, eu tô chegando lá, vou tomar teu suco, eu vou lamber devagar. Se isso não é a descrição de sexo oral temperado com sangue, não sei o que é.

Nem todas as pessoas que menstruam sentem vontade de transar ou se masturbar durante o período menstrual. Para muitas delas, é uma fase de sensibilidade aflorada demais e cólicas que tornam o sexo extremamente desconfortável. Acontece que muita gente ouve o grelo chamar, mas não se permite sentir prazer nesses dias, porque o tabu é de que a menstruação é impura.

Comigo, particularmente, o que acontece é que a vontade vai subindo aos poucos ao longo dos dias, até que, lá pelo terceiro ou quarto, estou acabando com a bateria de todos os vibradores. É uma época em que o orgasmo demora um pouquinho mais para chegar.

Então os dias vão passando, o furor ovulatório vai chegando, e o que muda é a velocidade e a frequência do gozo – com o bom amigo sugador, eles chegam rápidos, um atrás do outro. É uma fase da minha vida em que até fico mais complacente com os rapazes. Depois do auge, vai decaindo bem aos poucos, até chegar naqueles três dias que antecedem o fluxo e eu voltar para fase destruidora – cogito fazer um curso de dominatrix para canalizar esse sentimento para algo prazeroso e potencialmente lucrativo.

Claro, pra variar, boa parte dos homens cis são cheios de nojinho. Se muitos fazem um sexo meia boca que gira em torno do pau deles sempre, porque mudaria durante a menstruação? Eles saem correndo. Mas nem todo homem, tem alguns que não se importam porque sabem que faz parte, e tem outros que gostam – o nome do fetiche que envolve gostar de sangue de menstruação é menofilia.

As próprias donas de bucetas podem ter nojo também: nossa, enfiar um vibrador, sujar o lençol, sangue nos meus dedos. Fiquem tranquilas. Existem toalhas feitas do mesmo tecido das calcinhas menstruais que funcionam melhor que as toalhas tradicionais na hora de evitar manchas no lençol.

O que não pode de jeito nenhum é abdicar da camisinha com a justificativa de que não se engravida nessa fase. O preservativo não serve apenas para evitar gestações indesejadas, mas também para barrar a contaminação por HIV, sífilis, gonorreia e outras ISTs. Sexo na menstruação não faz nenhum mal para a saúde, mas o colo do útero fica mais aberto nessa época, o que pode aumentar o risco de infecções. Isso se evita com higiene dos sex toys usando sabão adequado e, de novo, preservativo.

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