Ex-atriz pornô que virou meme no Brasil ao ter seu nome ligado à CPI da Covid — e que, nesta semana, perdeu empregos por declarar apoio ao povo palestino em meio à guerra com Israel —, Mia Khalifa fatura US$ 6,42 milhões (o equivalente a R$ 32 milhões) por mês com fotos e vídeos publicados no Onlyfans. Entre 2022 e 2023, a influenciadora digital libanesa foi a quarta pessoa com o maior lucro na plataforma de conteúdo adulto, segundo dados da empresa SignHouse.
No ranking divulgado em julho deste ano, Mia aparece atrás da socialite Blac Chyna, que tem um faturamento mensal de US$ 20 milhões no Onlyfans. E também da atriz Bella Thorne (que teve um lucro US$ 11 milhões por mês) e da rapper Cardi B (US$ 9,4 milhões mensais).
Quem é Mia Khalifa?
Libanesa de 30 anos que vive nos EUA desde 2000, Mia Khalifa é conhecida pela curta — e controversa — carreira como atriz pornográfica. Entre 2014 e 2015, a jovem criada por uma família católica e graduada no curso de Artes da Universidade do Texas se interessou pela proposta de um homem que a convidou para ser “modelo”. À época, ela trabalhava como garçonete.
A decisão trouxe consequências irreversíveis. Aos 21 anos, Mia Khalifa ingressou na indústria de filmes pornô — e, em poucos meses, se tornou o nome mais pesquisado em sites de compartilhamento on-line de vídeos adultos. “Achei que pudesse fazer do pornô o meu segredinho sacana, mas o tiro saiu pela culatra”, ela afirmou, em entrevista publicada pela revista “Época”.
Como Mia Khalifa ficou famosa?
A fama mundial aconteceu quando ela apareceu num vídeo pornográfico usando um hijab , véu utilizado por mulheres muçulmanas para cobrir a cabeça. A cena causou furor, e Mia chegou a receber ameaças do grupo extremista Estado Islâmico (EI).
Hoje, Mia Khalifa é uma influenciadora digital com 28 milhões de seguidores, e que vive de campanhas publicitárias e posts patrocinados no Instagram, além da publicação de conteúdo erótico e sensual na plataforma Onlyfans. Na maioria das fotos publicadas em suas redes sociais, ela aparece com biquínis que mal comportam os seios grandes.
Mas Mia não se orgulha da fama. Ela se considera uma ex-atriz pornô “arrependida”, e ressalta que foi vítima da intimidação de produtores. “Quando saio na rua, sinto como se as pessoas pudessem ver através da minha roupa e me sinto profundamente envergonhada. Tenho a sensação de que perdi direito a toda a minha privacidade. E perdi, porque estou a um clique de distância no Google”, ela conta.
Mia Khalifa foi demitida após defender a Palestina em conflito com Israel
Nesta semana, Mia Khalifa foi demitida de ao menos quatro empresas com que mantinha vínculos de trabalho após defender a Palestina em meio à guerra em Israel. O site da extinta revista “Playboy”, que hoje produz conteúdo on-line, enviou um comunicado aos assinantes ressaltando que o canal da influenciadora seria excluído. A empresa Red Light Holland, para a qual ela trabalhava como consultora, também emitiu um informe anunciando, publicamente, seu desligamento.
CEO da Red Light Holanda anuncia desligamento de Mia Khalifa
“Considere-se demitida imediatamente. Simplesmente nojenta. Por favor, evolua e se torne um ser humano melhor. O fato de você tolerar a morte, a violação da vida, os espancamentos e a tomada de reféns é verdadeiramente nojento. Nenhuma palavra pode explicar sua ignorância”, afirmou o empresário Todd Shapiro, por meio do Twitter.
Mia Khalifa é apoiadora da causa palestina
Desde o último sábado (7), Mia vem enfrentando uma série de críticas nas redes sociais por suas opiniões relacionadas ao ataque do grupo extremista Hamas no território israelense. Apoiadora declarada da causa palestina, ela chegou a comparar a imagem de terroristas em Israel a um “quadro renascentista”.
“Se você olha para a situação na Palestina e não está do lado dos palestinos, então você está do lado errado do apartheid, e a história mostrará isso com o tempo”, ressaltou ela, no sábado (7), após os primeiros bombardeios do Hamas contra o território israelense.
Qual a relação de Mia Khalifa com a CPI da Covid?
Mia Khalifa é figura conhecida pelos brasileiros por aparecer em textos com informações falsas que circularam nas redes sociais durante a CPI da Covid. Em maio de 2021, uma foto de Mia foi presença frequente em grupos de WhatsApp: na legenda da imagem, lia-se que a mulher era a doutora Marcela Pereira, suposta infectologista do Instituto Emilio Ribas que estaria liderando uma pesquisa sobre o uso da cloroquina no tratamento contra a Covid-19.
O envolvimento de Mia no contexto da CPI surgiu depois que o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) citou uma pesquisa publicada na revista científica “The Lancet”, que passou por retratação após falta de dados. Quando o parlamentar comentou o assunto, ele reforçou a versão de que tal pesquisa teria sido encomendada por uma empresa chamada Surgisphere, onde trabalharia, segundo ele, uma atriz pornô.
Internautas então se lembraram dos boatos que continham a imagem da Mia Khalifa e da tal fake news apresentando-a como uma cientista. Embora Heinze não tenha se referido à Mia especificamente, por não ter dito a identidade da suposta atriz pornô da Surgisphere, o meme de Mia Khalifa já havia viralizado. E ela própria entrou na onda, por meio de posts nas redes sociais.