O pescador Jocivaldo Moraes da Silva, 34 anos de idade, residente em Sena Madureira, ganhou uma nova vida em julho deste ano. Nesse mês, ele foi submetido a um transplante de fígado na Fundação Hospitalar do Acre (Fundhacre), procedimento coordenado pelo Governo do Estado.
De acordo com informações, Jocivaldo foi diagnosticado com hepatite aos 17 anos de idade e, em razão de ingerir bebida alcóolica, a doença foi se agravando com o passar do tempo até evoluir para cirrose hepática.
Em entrevista ao ContilNet, ele confirmou que passou por um grande sofrimento. “Eu sentia muitas dores, passava a noite acordado andando de um lado para o outro dentro de casa. Me lembro que passei três dias seguidos sem conseguir dormir, gritando com tanta dor. Eu pedia a Deus para desmaiar. Tomava morfina e, mesmo assim, não passava. O que eu passei, não desejo nem para o pior inimigo”, relatou.
“Joci”, como é mais conhecido em Sena Madureira, disse ter recorrido a remédios caseiros e, em determinada ocasião, chegou a ingerir o próprio xixi em um ato de desespero. “Não sabia mais o que fazer, então me disseram isso e eu acabei tomando”, contou.
Com o fígado bastante debilitado, ele foi transferido para Rio Branco, onde passou dois meses internado até entrar na fila de transplante do Governo. “Foi uma grande bênção de Deus. Aconteceu comigo algo raro. Entrei na fila de transplante num dia e no outro já apareceu um fígado compatível. O que aconteceu comigo, considero um milagre. O médico chegou a dizer que se demorasse mais dois, três dias para o transplante eu não iria sobreviver porque o meu fígado estava quase todo dissolvido. Agradeceu muito a Deus por ter me dado essa segunda chance, à minha mãe, à minha esposa que não me abandonou e a todas as pessoas que me ajudaram financeiramente ou em orações. Hoje, graças a Deus, não sinto mais dores, durmo bem, tenho uma nova vida”, completou.
A dona de casa Maria de Nazaré, conhecida por “Naza”, relatou que sofreu muito vendo a situação do filho, mas nunca perdeu a esperança em Deus. “Quando ele estava internado em Rio Branco, fui lá, mas voltei porque eu não aguentava ver o meu filho naquela situação. Hoje, sou muito grata a Deus por ter devolvido meu filho. Nunca perdi a esperança em Deus. Agradeço à equipe médica que fez o transplante, enfim, a todos. Que Deus possa recompensá-los”, frisou.
Quem também acompanhou de perto todo o sofrimento do pescador Jocivaldo foi Vanessa Silva de Lima, sua esposa. Eles são casados há 18 anos. “Realmente, foi muito difícil ver ele naquela situação, sentindo fortes dores. A gente se sente impotente. Foram várias noites sem dormir, mas Deus nos honrou. Quando ele entrou para a sala de transplante foi a pior sensação. O medo vem, mas graças a Deus deu tudo certo e hoje ele está aqui em nosso meio”, destacou.
Jocivaldo e Vanessa tem duas filhas.
Segundo a família, o pescador entrou para fazer o transplante às 19 horas e saiu somente às 4h30 horas da madrugada.
O Acre é o único Estado da região Norte que realiza transplante de fígado.