Entenda como inseto ‘gigante’ de 10 centímetros derruba árvores de 10 metros

Infestação de besouro metálico gera preocupação entre biólogos e ambientalistas em regiões onde não há predador natural do inseto

Nesta terça-feira (24), mais duas árvores caíram depois de ação do 'besouro metálico' — Foto: Gabriela Barroso/Arquivo Pessoal

Nesta terça-feira (24), mais duas árvores caíram depois de ação do ‘besouro metálico’ — Foto: Gabriela Barroso/Arquivo Pessoal

Uma praga de besouro metálico tem gerado dor de cabeça entre biólogos e urbanistas de Fortaleza. Ele tem o tamanho classificado como gigante, considerando que é um inseto, o que fica claro já no seu nome científico: Euchroma gigantea.

Com 10 centímetros de tamanho, ele consegue derrubar árvores de até 10 metros de altura e é uma ameaça urbana, considerando que as árvores são essenciais para a paisagem urbana e para centenas de outras espécies.

Outro problema é que pesquisadores avaliam que é bastante difícil combater o besouro metálico, já que ele não tem o predador natural em Fortaleza e não há inseticida específico para enfrentá-lo.

Só na segunda-feira (23), na capital cearense, duas mungubeiras caíram na Rua Ildefonso Albano, Bairro Aldeota, após ataque do inseto.

Para que a árvore seja derrubada, o besouro coloca os ovos na base da planta. Ao eclodir, as larvas vão consumindo a parte inferior da árvore — o dano é significativo porque cada larva pode possuir uma cabeça de dois centímetros, o que gera vários buracos na estrutura da planta.

O professor Lamartine Soares Cardoso de Oliveira, da Universidade Federal do Ceará (UFC), afirma que as larvas do besouro metálico são capazes de perfurar a madeira e enfraquecem a base das árvores, que chegam a perder galhos ou cair por completo. Ele lembra ainda que sua “árvore favorita” que ataca é a mungubeira. Contudo, em Fortaleza, ele já foi visto em paineiras, sumaúmas, baobá e chichá.

“Acredita-se que foi através dessa espécie (mungubeira) que esse besouro se dispersou por todo o Brasil, além da zona de ocorrência natural”.

Praga de 'besouro metálico' derruba várias árvores em Fortaleza — Foto: Arquivo pessoal

Praga de ‘besouro metálico’ derruba várias árvores em Fortaleza — Foto: Arquivo pessoal

O pesquisador informou que o besouro metálico é bem maior que os outros insetos conhecidos. A espécie é natural da Amazônia, mas já se espalhou por outros locais do país. Por isto, em Fortaleza é considerada invasora. O pesquisador alertou ainda que, nos locais onde o besouro é natural, existem predadores e inimigos naturais para ele; o que não ocorre em outros locais.

“Com isso, ele aumentou sua população porque não tem inimigo natural, não tem nada para competir com ele, e começou a migrar para outras espécies (de árvores)”, destacou o pesquisador do departamento de fitotecnia do Centro de Ciências Agrárias da UFC.

As mungubeiras são bastante utilizadas na urbanização de cidades e bastante presentes em Fortaleza e no Ceará. Elas também estão presentes em várias cidades do Brasil. No entanto, o contato com o besouro, as larvas ou os ovos não faz mal ao ser humano. O pesquisador disse que não há inseticidas para combater o besouro metálico.

Onde está o Besouro Metálico?

  • Parque das Crianças
  • Passeio Público
  • Parque Adahil Barreto
  • Parque do Cocó
  • Lagoa da Parangaba

Praga de insetos de apenas cinco 12 centímetros derruba árvores de grande porte em Fortaleza — Foto: Arquivo pessoal

Praga de insetos de apenas cinco 12 centímetros derruba árvores de grande porte em Fortaleza — Foto: Arquivo pessoal

Como identificar a presença do inseto nas árvores?

  • As ponteiras apresentam desfolha
  • As folhas da planta danificada ficam menores e amareladas
  • Na base da planta, começa a aparecer gomose, que é como se fosse uma secreção que a espécie contaminada desenvolve para se proteger do invasor, com um odor malcheiroso
  • Em estado avançado, há descamação na base da planta. Ou seja, o tronco desfarela e raízes superficiais quebram facilmente

Besouro metálico — Foto: Leonardo Jales/Arquivo pessoal

Besouro metálico — Foto: Leonardo Jales/Arquivo pessoal

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