“Parecia não ter fim”, diz professora 8 dias presa por engano

Samara de Oliveira ficou presa por 8 dias. A professora foi detida por um crime que aconteceu na Paraíba, quando ela tinha apenas 10 anos

Presa na última quinta-feira (23/11), por um crime de extorsão que aconteceu em 2010, quando ainda tinha 10 anos, a professora Samara de Araújo Lima Oliveira, de 23 anos, foi solta na manhã desta sexta-feira (1º/12), depois de oito dias no Instituto Penal Oscar Stevenson, localizado na Zona Norte do Rio.

Ao Metrópoles, Samara relatou que viveu dias de desespero longe de família e sem saber o que acontecia do lado de fora da prisão. “Fiquei 8 dias longe da minha família e sem saber o que estava acontecendo aqui fora, eu ficava desesperada e me deixava levar pelo que estava sentindo por estar sem notícias”, disse ela .

Samara, que tem 23 anos, foi acusada de ter cometido o crime de estelionato em uma cidade do interior da Paraíba, em 2010, época em que tinha apenas 10 anos. Mãe de um menino de 2 anos, ela está noiva e se forma no próximo dia 6 de dezembro, em Licenciatura em Matemática.

Saiu e não voltou

De acordo com Samara, ela saiu para trabalhar no dia 23 de novembro e não voltou para casa. Segundo ela, recebeu uma ligação, se encontrou com os policiais e chegou a pensar que a situação fosse um sequestro, em que ela seria a vítima.

“Eu saí para trabalhar e não voltar para casa, pois tinha um mandado de prisão preventiva em meu nome. Eu estava na casa de um aluno quando recebi a ligação e fui ao encontro dos policiais, quando recebi a notícia achei que era um sequestro e na mesma hora pedi a identificação deles, mesmo que eles estivessem no carro da polícia civil e armas”, contou a professora.

“Parecia que aquilo não teria fim, eu pedia a Deus que se eu pegasse no sono não sonhasse com minha família pois seria muito doloroso acordar e não estar com eles, eu sonhei que abraçava meu filho no dia que meu alvará ficou disponível da Paraíba, mas eu só soube no dia seguinte”, completou Samara.

Histórias marcantes

Ainda segundo a professora, na prisão ela teve conhecimento de diversas histórias de pessoas “boas” assim como ela. “Deus cuidou de mim tão grandemente. Teve mulheres que mesmo com seus problemas e dores, estavam preocupada com o meu bem estar e me ajudaram a ter forças”, destacou a professora.

Ao portal, Samara contou que está amedrontada com a situação e teme ser retirada da família novamente. “Eu estou com medo de que de repente eu seja tirada da minha família novamente, meu desejo de verdade seria esquecer e seguir em frente. Mas eu estaria ignorando as pessoas que conheci e suas dores”.

Presa por engano

O pai da professora de matemática, Simario Araújo, afirmou que a filha foi vítima de um crime e, por erro de justiça, acabou na prisão.

“Ela é uma inocente que foi julgada e culpada por um crime que alguém roubou os documentos dela, cometeu um crime quando ela ainda era criança, e a Justiça fez um procedimento totalmente errado, então, certamente a gente vai expor isso, mas no momento certo”, disse Araújo.

O crime pelo o qual Samara foi presa ocorreu há 13 anos em São Francisco, cidade no interior da Paraíba, contra um funcionário de um mercado local que funcionava como representante da Caixa Econômica Federal. O homem foi obrigado, depois de ser ameaçado de morte através de uma ligação, a fazer oito transferências, de R$ 1 mil cada, para sete contas diferentes.

Família mobilizada

Entre os donos das contas existe uma Samara de Araújo Lima Oliveira, também do Rio de Janeiro, como a professora. Entretanto, a informação de que a jovem era apenas uma criança na data do crime, sendo inimputável perante a lei, não foi percebida pelo Ministério Público e a Justiça da Paraíba.

Depois da prisão no último dia 23, a família de Samara se mobilizou para demonstrar o erro à Justiça paraibana. Apenas na última quarta-feira (29/11), por meio de um advogado, o equívoco da justiça da Paraíba foi comprovado.

“Verifico que merece prosperar a argumentação quanto à ocorrência de equívoco na exordial acusatória, na qual consta apenas a identificação por CPF, sem qualquer menção à data de nascimento da acusada”, diz o o alvará de soltura soltura, assinado pelo juiz substituto Rosio Lima de Melo, da 6ª Vara Mista da cidade de Sousa.

De acordo com o pai da professora, antes da prisão a jovem estava empolgada com as aulas de pós-graduação e com o filho, de dois anos, que tinha começado a falar. “Fui surpreendido com uma ligação inesperada da minha ex-mulher avisando que a minha filha tinha sido presa dentro da escolinha em que dava aula. Ela não cometeu crime algum”, disse Simario.

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