Desde que o banqueiro Alyosio de Andrade Faria morreu, em setembro de 2020, aos 99 anos, as herdeiras diretas — suas cinco filhas começaram a desenhar a venda do considerável patrimônio da família. Neste domingo, o colunista do GLOBO, Lauro Jardim publicou que elas realizaram o maior negócio imobiliário do século da cidade do Rio de Janeiro, vendendo um terreno por R$ 370 milhões, na Barra da Tijuca.
Aloysio sempre manteve a família distante dos negócios e preferiu que a gestão das empresas fosse profissionalizada. Lucia, Junia, Flavia, Claudia e Eliana, cada uma com 20% dos negócios, inteiraram-se dos ativos do conglomerado antes de qualquer movimentação de investimento ou venda de empresas.
Lúcia de Campos Faria e Junia de Campos Faria Ziegelmeyer moram em São Paulo, Flávia Faria de Vasconcellos, no Rio de Janeiro, Cláudia Faria, em Nova York, e Eliana Faria, em Londres.
A caçula, Lúcia de Campos Faria era dona do restaurante Alucci Alucci, que fechou as portas em julho de 2017, depois de 14 anos de funcionamento. Também é autora dos livros de culinária “Banquete dos sentidos”. Ela foi casada com o economista Carlos Nascimento, que trabalhou no conglomerado por 20 anos.
Flávia Faria de Vasconcellos mora no Rio de Janeiro, onde fundou a loja Babuska, que era a versão carioca da marca de sorvetes do grupo, o La Basque. É autora do livro “Babuska: um sonho de sorvete”.
Faria era o banqueiro mais velho da lista da revista Forbes e o terceiro mais idoso entre todos os bilionários, com fortuna estimada em US$ 1,7 bilhão (cerca de R$ 9 bilhões).
As herdeiras venderam um terreno de 30 mil metros quadrados na Praia da Barra da Tijuca, o maior pedaço de terra ainda não construído da região. As construtoras Tegra e São José pagaram cerca de R$ 370 milhões pela área, comprada em 1989 por Faria para, originalmente, erguer ali um um hotel da rede Transamérica.
Aloysio de Andrade Faria, fundador do grupo Alfa e ex-dono do Banco Real
O empresário Aloysio de Andrade Faria foi controlador do Banco Real até os anos 1990 e fundou o Conglomerado Alfa, que tem empresas nos ramos financeiro, hoteleiro, alimentício, agronegócio, aéreo e de mídia.
Faria era considerado um homem discreto, o que lhe rendeu o apelido de “banqueiro invisível”. Médico gastroenterologista de formação, ele herdou aos 28 anos o Banco da Lavoura, fundado em 1925 pelo pai, Clemente Faria, junto com o irmão Gilberto Faria. Aloysio dirigiu a instituição a partir dos anos 1940. Em 1972, o banco passou a se chamar Real.
Durante o período em que Faria comandou o Banco Real, a instituição financeira se tornou a quarta maior do segmento no país. Em 1998, o banqueiro vendeu o Real ao holandês ABN Anro por cerca de US$ 2,1 bilhões. O banco foi incorporado pelo Santander em 2007.