Solo de mina em Maceió afunda 5,7cm em 24 horas e chega a 2,06m

A mina de sal-gema em Maceió, Alagoas, tem alterado entre desacelerar seu afundamento e acelerar, e a recomendação é evitar o local

Mina18 da Braskem

Orlando Costa/Especial Mestrópoles

Apesar da redução da velocidade de afundamento da área ao redor de uma mina de sal-gema em Maceió, Alagoas, nos últimos dias, as autoridades continuam em alerta. De acordo com a informação atualizada pela Defesa Civil do estado na manhã desta sexta-feira (8/12), O movimento total apresentado nas últimas 24h é de 5,7 cm.

Assim, o afundamento chegou a um total de 2,06 metros de profundidade. Por outro lado, a velocidade foi reduzida de 0,28cm/hora para 0,23cm/h. As autoridades pedem que a população local evite transitar pelo bairro do Mutange.

O pior cenário seria o colapso da área, com uma cratera que poderia chegar a 152 m de raio. O bairro do Mutange, em Maceió (AL), que faz parte da zona crítica para risco de colapso, registrou mais de mil abalos sísmicos no espaço de cinco dias.

Veja a íntegra da nota:

A Defesa Civil de Maceió informa que o deslocamento vertical acumulado da mina n° 18 é de 2,06m e a velocidade vertical é de 0,23cm por hora, apresentando um movimento de 5,7cm nas últimas 24h.O órgão permanece em ALERTA devido ao risco de colapso da mina nº 18, que está na região do antigo campo do CSA, no Mutange.Por precaução, a recomendação é clara: a população não deve transitar na área desocupada até uma nova atualização da Defesa Civil, enquanto medidas de controle e monitoramento são aplicadas para reduzir o perigo.A equipe de análise da Defesa Civil ressalta que essas informações são baseadas em dados contínuos, incluindo análises sísmicas“.

Quando tudo começou em Maceió

As atividades de mineração da Braskem nesses poços de sal-gema provocaram o deslocamento do solo há anos, numa situação que já obrigou mais de 55 mil pessoas a deixarem suas casas desde 2018, quando foi sentido o primeiro tremor de terra no bairro do Pinheiro.

Após esse tremor, surgiram relatos de rachaduras em imóveis e crateras em vias públicas, que se expandiram para os bairros do Mutange, Bebedouro, Farol e Bom Parto, que, junto ao de Pinheiro, são os cinco bairros de Maceió afetados pela escavação do solo.

As investigações começaram e somente em 2019 o Serviço Geológico do Brasil (SGB), antigo CPRM, divulgou o relatório de estudos com a conclusão de que o problema é causado pela extração de sal-gema, realizada pela Braskem há mais de 44 anos.

No início, em 1975, a empresa que começou a escavação foi a Salgema Indústria Química de Alagoas, que depois passou a ser chamada de Braskem. Ao todo, são 35 minas de sal-gema escavadas no solo da área urbana de Maceió e que desde 2019, segundo a Braskem, estão sendo fechadas e estabilizadas.

O sal-gema tem uso industrial e só parou de ser extraído pela empresa no subsolo de Maceió em 2019. A Braskem é uma sociedade entre a Petrobras, que é controlada pelo governo federal, e a Novonor (ex-Odebrecht).

Como ficaram os moradores

Como tentativa de reparar o dano e em acordo com o Ministério Público e a prefeitura, a Braskem criou o Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação, para retirar os mais de 14 mil imóveis daquelas localidades de risco.

No Termo de Acordo entre os proprietários de imóveis e a Braskem, a empresa oferece R$ 5 mil como auxílio financeiro para custos extras de mudança, um auxílio-aluguel mensal de R$ 1 mil, limitado a 24 meses, e à indenização, que é calculada caso a caso.

O que diversos moradores relatam é que a indenização proposta pela Braskem é injusta e ínfima em comparação aos danos causados pela desocupação dos imóveis. É por esse motivo que ainda havia pessoas residindo em regiões de criticidade 00, que é a mais elevada e exige realocação.

Além disso, uma vez realocada, a família tem que aguardar o ingresso no fluxo da compensação financeira, conforme cronograma definido pela Braskem com as autoridades públicas. Ou seja, o dinheiro não é pago instantaneamente e algumas famílias ainda aguardam a indenização.

Já os moradores desses mesmos bairros que vivem em regiões de menor criticidade permanecem no local, sem o direito à realocação e compensação financeira, vivendo numa espécie de isolamento urbano, a exemplo da comunidade dos Flexais, no bairro do Bebedouro.

O governo federal está acompanhando o caso com mais atenção desde a emergência da mina 18, e a expectativa das autoridades locais é ajudar a encontrar soluções mais definitivas para os afetados e para a cidade de Maceió. Com um pedaço isolado, a capital enfrenta problemas no trânsito e perdeu equipamentos como escolas e hospitais.

PUBLICIDADE