A Justiça autorizou a Polícia Federal (PF) a instaurar um novo inquérito para apurar se a construtora OAS e outras empresas investigadas na Operação Lava Jato têm vínculos com um sítio frequentado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Atibaia, no interior de São Paulo.
O desmembramento do inquérito foi autorizado pelo juiz responsável pelo processo da Lava Jato, Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba (PF). Em despacho da última quinta (4), divulgado na terça-feira (9) pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região, o magistrado afirma “não haver óbices [objeção] à efetivação do desmembramento requerido pela PF” e determina que, a partir de agora, a investigação passe a correr em segredo de Justiça.
Foi a PF quem solicitou o desmembramento do inquérito policial 0594, instaurado em 2014 para investigar eventuais crimes de peculato (desvio de dinheiro público por funcionário público) e de lavagem de dinheiro praticados por dirigentes da OAS.
Para a PF, como o inquérito inicial já foi relatado, faltando apenas o resultado de algumas perícias para ser concluído, era necessário desmembrar os autos para apurar a suposta relação da construtora, outras empresas e pessoas físicas investigadas na Lava Jato com o sítio.
“Além da extensão da investigação para além do âmbito da empresa OAS, entendemos que as diligências em curso demandam necessário sigilo já que o fato ainda está em investigação, razão pela qual foram carregados documentos com nível de sigilo diferenciado [nível 2] daquele atualmente existente no IPL 0594/2014, inclusive esta própria representação”, disse Moro em sua decisão.
As suspeitas de que Lula ou pessoas investigadas na Operação Lava Jato tenham algum vínculo com o sítio de Atibaia surgiram recentemente. Acredita-se que construtoras pagaram pela reforma da propriedade, registrada em nome de Fernando Bittar e Jonas Suassuna, sócios na Gamecorp de Fábio Luis Lula da Silva, um dos filhos do ex-presidente. Segundo o jornal “Folha de S.Paulo”, a ex-primeira dama Marisa Letícia comprou um pequeno barco de pesca de alumínio e pediu que o equipamento fosse entregue na chácara.
De acordo com o Instituto Lula, o ex-presidente e Marisa Letícia frequentam o sítio em momentos de folga, a convite dos donos, que são amigos da família. Em nota, afirma haver uma tentativa de associar o petista a supostos atos ilícitos para “macular a imagem do ex-presidente”.