Copa do Mundo de esports saudita poderá ter LoL

Riot Games considera liberar realização de campeonato de League of Legends em evento promovido por regime acusado de violação de direitos humanos

Riot Games discute liberar a realização de uma competição de League of Legends na autointitulada Copa do Mundo de esports, a ser promovida pela Arábia Saudita neste ano como sucessora do multimilionário Gamers8, realizado em 2022 e 2023. O governo saudita é acusado de violações de direitos humanos, o que já fez a desenvolvedora norte-americana desistir, em 2020, de contar com patrocínio da cidade Neom à LEC, a liga europeia de LoL.

Segundo o jornalista Jacob Wolf, o LoL pode ser o primeiro game confirmado na Copa do Mundo, que contará com diversas modalidades de esportes eletrônicos. O jornalista informou ter tido acesso a uma troca de e-mails interna da desenvolvedora.

Projeção da visão interna da arena de esports do distrito de games e esports em Qiddiya, na Arábia Saudita — Foto: Divulgação/Qiddiya

Projeção da visão interna da arena de esports do distrito de games e esports em Qiddiya, na Arábia Saudita — Foto: Divulgação/Qiddiya

O plano seria permitir que dois times de cada uma das ligas do LoL participem do evento, a ser realizado em Riade, capital da Arábia Saudita, em data ainda não confirmada. Não há informações sobre eventual participação de equipe do Campeonato Brasileiro (CBLOL).

Como o LoL possui circuito fechado, em que o cenário competitivo é administrado pela própria Riot, os times participantes das ligas são proibidos de disputar outros campeonatos durante a realização das competições oficiais. Mas, conforme o jornalista, o head global de estratégia de esports do LoL, Chris Greeley, orientou as divisões locais da Riot a reservar a primeira semana de julho para a Copa do Mundo.

Em comunicado enviado a Jacob, a Riot confirmou que está conversando com a organização do evento, assim como tem feito com outras empresas, diante da demanda cada vez maior da comunidade por eventos internacionais. O LoL só tem dois campeonatos inter-regionais que contam com os principais times da modalidade – ambos operados pela Riot: o Mid-Season Invitational (MSI) e o Worlds, o Mundial.

— Temos conversado com vários organizadores de torneios – incluindo da Copa do Mundo de Esports – sobre como desbloquear a participação das equipes em tais eventos. Estamos explorando ativamente essas oportunidades, incluindo se e quando elas podem caber no calendário de 2024, mas nada foi confirmado neste momento — disse a Riot em nota.

Patrocínio abandonado no passado

A notícia de que o LoL poderá estar disponível no evento organizado pelo regime ditatorial saudita fez muitos fãs se lembrarem da polêmica criada pelo anunciado e depois abandonado patrocínio da Neom à LEC, em 2020.

Foi uma das primeiras ofensivas sauditas sobre os esports. Depois da tentativa frustrada como patrocinadora, a Arábia Saudita passou a criar os próprios projetos nos esports: comprou as organizadoras de eventos ESL e FACEITpromoveu duas edições do Gamers8 com premiação milionárialançou a construção de uma cidaderecebeu os campeonatos mundiais de FIFA e, mais recentemente, anunciou a criação da Copa do Mundo.

Naquela ocasião, a comunidade reagiu com indignação à notícia de que a Neom seria patrocinadora da LEC. Casters da própria liga europeia detonaram publicamente a decisão.

Isso porque a LEC é uma reconhecida apoiadora da causa LGBTQIA+. Na Arábia Saudita, a homossexualidade é considerada crime, com pena de morte para quem pratica atos sexuais com uma pessoa do mesmo sexo.

Nas duas edições do Gamers8, não houve campeonatos de LoL, apesar da enorme variedade de modalidades em disputa.

Regime ditatorial

A monarquia absolutista saudita, liderada pelo príncipe herdeiro Mohammad bin Salman, usa os games competitivos, a exemplo do que faz nos esportes tradicionais, para diversificar a economia do país, hoje dependente do petróleo, exportar sua cultura e tentar melhorar a imagem internacional.

O governo saudita é alvo de críticas por prisões, julgamentos, torturas e execuções de opositores, ativistas e jornalistas, inclusive em espaços públicos, e por proibições que limitam os direitos das mulheres e de homossexuais no país. O cristianismo e a existência de igrejas são proibidos por lei na Arábia Saudita, cuja religião oficial é o Islamismo.

Além disso, bin Salman é acusado pelo serviço de inteligência dos Estados Unidos de ter mandado matar o jornalista Jamal Khashoggi, crítico ao regime, dentro da embaixada saudita em Istambul, na Turquia, em 2018. Ele nega.

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