História de adoção viraliza por preconceito contra PCDs; veja o caso

Para ela não importava saber sobre a mulher que a gerou, até que a estudante foi crescendo e essa curiosidade despertou: “Minha mãe contou que ela [genitora] nunca me quis, por conta do meu braço. Depois disso, não tive mais interesse em saber”. Janaina também afirma que seus pais aceitaram a decisão e não explicaram mais sobre ela. “Acho que não é necessário conhecer alguém que não me queria.”

Desde pequena, a jovem do Espírito Santo não entendia o motivo de ser diferente. Além disso, ela também tinha vergonha de mostrar seu braço em fotos. “Todo mundo sempre ficava apontando para mim”, lembra. “Depois de um tempo, minha mãe me ensinou essa frase ‘nasci assim, cada um nasce diferente’. Passei a usar como lema e respondia para as crianças que me perguntavam sobre a minha deficiência”.

“Sempre tive ‘medo’ das crianças por conta dos olhares, das perguntas e do receio de algumas delas chegarem perto de mim. Mesmo assim comecei a fazer um trabalho voluntário, em que acabei me soltando e perdendo o medo de conversar com elas”.

O apoio de seu pai também foi crucial para a autoconfiança de Janaína: ele compartilhava com a filha vídeos de outras pessoas com deficiências físicas no esporte. Isso a incentivava a explorar e praticar diferentes modalidades como handebol, futebol, tênis, basquete e vôlei. “Ele mostrava pessoas nadando sem o braço, jogando sem uma perna. E eu fiquei ‘caraca, se elas conseguem eu também posso’”.

“Pra mim é muito bom o fato dos meus pais estarem ao meu lado. Nunca tiveram essa atitude de ‘não conseguiu fazer, coitada’. Nenhum dos dois fez por mim, sempre me deixavam fazer. Acho que isso foi muito importante para construir quem eu sou hoje.”

O esporte tornou-se um espaço seguro para Janaína, onde se sentiu mais representada e confortável consigo mesma. Seu início foi na capoeira, porém a sua paixão mesmo era o handebol: “Já tive o sonho de ser jogadora, joguei por sete anos da minha vida, mas hoje em dia não mais.”

“Sonho em ser juíza, me formar em Direito e poder continuar espalhando para as pessoas o que eu tento mostrar na internet: que somos todos iguais, não precisa ter vergonha de ser quem é. Muitas pessoas vão tentar te ferir, a questão é ignorar e saber que você está feliz.”

Com mais de 100 mil seguidores no TikTok, Janaina diz que às vezes enfrenta alguns comentários maldosos nas redes sociais, mas não se abala com isso. “Quando aconteceu no primeiro vídeo, fui para o quarto e comecei a chorar. Pensei ‘meu Deus do céu, por que a internet tem que ser assim?’. Só que depois de um tempo eu percebi que esses comentários não condizem com quem eu sou”.

A trajetória da jovem na internet começou de maneira inesperada, quando um vídeo dançando viralizou: “Do nada pegou 600 mil visualizações e me deu ânimo pra continuar postando mais. No meu segundo vídeo, muitos famosos comentaram e isso me deixou muito feliz.

“Vi que as pessoas estavam curtindo, meus amigos vindo falar que estava muito engraçado, então acreditei que talvez eu poderia ter um propósito com isso”, finalizou.

@janainarflorencioo Dc: @Henrique ♬ som original – Reflexão de ff