O escritório de São Paulo da Riot Games teve pelo menos quatro funcionários dispensados dentre os 530 profissionais afetados no mundo todo por uma demissão em massa iniciada nessa segunda-feira. O corte de 11% da força de trabalho total é justificado pela empresa norte-americana como uma necessidade diante do crescimento de custos sem o retorno esperado. Pessoas de departamentos de esports estão entre as demitidas.
No Brasil, os demitidos são o líder de operações competitivas, Mauricio de Lima; a gerente de marca Vitória Lopes, conhecida como “Monja”; o gerente de influenciadores Thiago Domingues; e o analista de inteligência de mercado Thiago Tobal. Eles fizeram publicações nas redes sociais sobre os desligamentos.
— Ontem eu estava revisando um anúncio de relações públicas, confirmando uma parceria para um campeonato futuro. Hoje eu acordei demitido – desculpe, eu não gosto da palavra ‘layoff’ — escreveu Maurício no LinkedIn.
Com passagem de oito anos pela Ubisoft, na qual chegou a ser diretor associado de esports para a América Latina, o executivo havia entrado para a Riot em março de 2022.
Já “Monja” estava há três anos na empresa e, desde janeiro de 2022, era gerente de marca para os jogos Legends of Runeterra e Teamfight Tactics e para o estúdio Riot Forge.
— Quero agradecer todos vocês, que me apoiaram tanto nestes últimos três anos! Vocês foram meu combustível quando as coisas ficavam incertas ou escuras. Que tenha muita luz no caminho de vocês e no meu novo também — escreveu a profissional no X (antigo Twitter).
Tobal havia sido contratado pela Riot em janeiro de 2020 e Domingues tinha entrado em março de 2022
Crise na Riot
Desenvolvedora responsável pelos games League of Legends, Valorant, Teamfight Tactics e Wild Rift, a Riot justificou que os “custos cresceram a ponto de serem insustentáveis”, somando-se a outras companhias que, em crise, têm precisado fazer demissões em massa no mercado de esportes eletrônicos.
— Durante a maior parte da nossa história, conseguimos evitar dias como este, mas esta decisão é crítica para o futuro da Riot. Isto não é para satisfazer os acionistas ou para atingir um número de lucros trimestrais – é uma necessidade — declarou a empresa em comunicado.
— Nos últimos anos, à medida que o número de funcionários da Riot mais que dobrou, espalhamos nossos esforços por cada vez mais projetos sem lâminas afiadas o suficiente para decidir o que os jogadores mais precisavam. Os ajustes que estamos fazendo visam nos concentrar nas áreas que têm maior impacto na sua experiência e, ao mesmo tempo, reduzir o investimento em coisas que não têm.
Em comunicado aos funcionários, também divulgado publicamente, a empresa disse que certos “investimentos significativos” não têm dado retorno como esperado.
— Hoje, somos uma empresa sem um foco suficientemente nítido e, simplesmente, temos muitas coisas em andamento. Alguns dos investimentos significativos que fizemos não estão rendendo como esperávamos. Nossos custos cresceram a ponto de serem insustentáveis e ficamos sem espaço para experimentação ou fracasso, o que é vital para uma empresa criativa como a nossa. Tudo isso coloca em risco o núcleo do nosso negócio.
A Riot sustentou que, ao longo dos últimos meses, tentou outras medidas, como controle de custos, aumento de receitas e congelamento de contratações, para tentar evitar as demissões. Entretanto, conforme o comunicado, a liderança da empresa chegou à conclusão de que as mudanças já adotadas não eram suficientes.
De acordo com a empresa, a maior parte dos demitidos está em equipes fora do setor de desenvolvimento.
No comunicado, a desenvolvedora reiterou o compromisso com os games League of Legends, Valorant, Teamfight Tactics e Wild Rift.
Por outro lado, o jogo de cartas Legends of Runeterra e o estúdio de desenvolvimento de novos jogos Riot Forge estão sendo os mais impactados.
No caso de Legends of Runeterra, a equipe está sendo reduzida, já que, conforme a desenvolvedora, o game “enfrentou desafios financeiros desde o lançamento, custando significativamente mais para desenvolver e dar suporte do que gera [de receita]”.
Já a Riot Forge, criada em 2019, era uma distribuidora de games que apoiava o desenvolvimento de jogos com o universo de LoL por empresas parceiras e será descontinuada.