Em 2009, há quase uma década, surgia a Associação das Travestis e Transexuais do Acre (ATTRAC). Desde então, as membros do grupo travam uma guerra na defesa dos direitos e políticas públicas para comunidade trans no estado.
Neste 29 de janeiro, Dia Nacional da Visibilidade Trans, o ContilNet conversou com Antonella Albuquerque, presidente da ATTRAC. Na conversa, ela lembrou que o trabalho da associação vai além da luta representativa.
“Nós trabalhamos em políticas públicas para essa população que é tão vulnerável e invisibilizada, na luta contra a transfobia. Temos uma ação de prevenção, de acompanhamento de casos de violência, e juntas com as nossas parceiras, a gente procura empregabilidade para as pessoas trans”, explica.
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A presidente lembrou que hoje, o Acre começou, aos poucos, a garantir o mínimo de direitos essenciais para as pessoas transexuais e travestis. Ela pontuou o lançamento da da cartilha “Sou A Travesti, Existo”, organizado pela Secretaria de Estado da Mulher. A cartilha, além de ser educativa, evoca que a expectativa de vida de uma pessoa trans, no Brasil, é de apenas 35 anos.
“Nossos corpos continuam sendo assassinados. Somos o País que mais mata transexuais, e ter uma cartilha que nos viabilize, que nos respeite e que enfatize nossos direitos é muito importante: eu tenho a esperança que começaremos a ser tratadas com respeito e dignidade”, disse Antonella.
A cartilha deve servir para explicar aos órgãos como tratar as pessoas trans com o pronome ideal e garantir acolhimento à essa população.
Ainda por meio da luta da ATTRAC, o Acre deu um passo importante na equidade do acesso à saúde da população LGBTQIAPN+, ao inaugurar o primeiro ambulatório especializado em atendimento a Travestis e Transexuais.
O centro foi montado no posto de saúde Ary Rodrigues, no bairro Seis de Agosto, em Rio Branco, e tem como foco o atendimento de atenção primária.
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“Muitas de nós procuram um atendimento público de Saúde e não somos respeitadas. Principalmente pela falta de profissionais para nos atender. Às vezes não têm endocrinologista para fazer uma terapia hormonal. Muitas de nós tomávamos o hormônio por conta. Uma ensinava a outra, passava o comprimido para a outra. Eu tenho 44 anos, quantos hormônios eu ingeri no meu corpo… Com o ambulatório, nós teremos um acompanhamento médico, com assistência social, psicólogo. Teremos um acolhimento. Isso é cidadania. E nós somos cidadãs”, completou Antonella.