Dries Van Agt, ex-primeiro ministro holandês, e sua esposa Eugenie escolheram morrer juntos e de mãos dadas por eutanásia na Holanda. O casal faleceu em um hospital localizado no leste do país há cerca de duas semanas, no dia 5 de fevereiro.
Ambos com 93 anos, o casal que viveu mais de 70 anos juntos, optou pela chamada “eutanásia dupla” devido à deterioração progressiva de sua saúde. O ex-ministro tinha sequelas de uma hemorragia cerebral que teve em 2019. Eugenie escolheu não viver sem o marido. Juntos, eles morreram assistidos por médicos.
Mais de 70 anos juntos
Andreas (Dries) van Agt e Eugenie Krekelberg estavam juntos havia mais de 70 anos, desde que se conheceram como estudantes de arte em Nijmegen, no leste da Holanda. Eles se casaram pouco tempo depois e se tornaram inseparáveis desde então.
Nascido em 1931, Dries van Agt foi criado num ambiente católico e, depois de se formar em direito e trabalhar como advogado nos Ministérios da Agricultura e Pesca e da Justiça, entrou para a carreira política.
Ele foi ministro da Justiça (1971-1977) e das Relações Exteriores (1982). Exerceu o cargo de primeiro-ministro em três gabinetes do governo holandês entre 1977 e 1982. Na sequência, foi nomeado embaixador da União Europeia no Japão e nos Estados Unidos.
Eugenie acompanhou o marido e o aconselhou ao longo de sua extensa carreira política — sempre aparecia ao seu lado em eventos locais e internacionais em que ambos participavam como figuras públicas.
Ela também esteve ao lado do marido quando ele fundou o The Rights Forum, em 2009, uma organização dedicada à busca de uma solução pacífica entre palestinos e israelenses.
Van Agt escreveu inúmeros artigos e dois livros sobre o que considerava a “injustiça” em que vive o povo palestino.
Saúde prejudicada e decisão por eutanásia
Em 2019, o ex-primeiro-ministro sofreu um acidente vascular cerebral (AVC), do qual se recuperou parcialmente.
Embora tenha continuado tratando da questão palestina, escreveu o The Rights Forum, ele se sentiu frustrado porque “sua criatividade, concentração e capacidade de fazer discursos haviam sido afetadas”.
A saúde de sua companheira, Eugenie, também havia piorado e, como tinham certeza de que não queriam viver um sem o outro, ambos tomaram a decisão de se submeterem juntos à eutanásia, aos 93 anos, no dia 5 de fevereiro.
O atual primeiro-ministro interino da Holanda, Mark Rutte, prestou uma comovente homenagem a Van Agt, a quem chamou de “tataravô político”. A família real holandesa destacou a sua “personalidade marcante e estilo rebuscado”.
O casal, que deixa três filhos, foi sepultado em Nijmegen, cidade onde os dois se conheceram.
A eutanásia e o suicídio assistido são permitidos desde 2002 na Holanda. A eutanásia dupla é uma tendência recente que vem crescendo no país, onde alguns casais já conseguiram realizar o desejo de morrer juntos, geralmente por meio de uma dose letal de um remédio.