Você já não sabe mais lidar com tanta coisa bizarra que vem acontecendo no mundo? Não aguenta mais chorar baixinho em posição fetal quando assiste a mais uma notícia absurda? Já espera sentado pra não se cansar, pela chegada do meteoro? Esgotou o estoque de lencinhos pra enxugar as lágrimas?
SEUS PROBLEMAS ACABARAM!
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Brincadeiras à parte, é claro que não poderíamos deixar de falar das pílulas de felicidade da nova geração: os MEMES. Eles agem como um espelho crítico cômico, uma sátira da própria realidade, uma válvula de escape pros problemas (pesados) da nossa sociedade contemporânea. É como se a gente tivesse rindo da própria desgraça pra não surtar. E, se rir é o melhor remédio, poderíamos dizer que rir de si mesmo é uma forma de autocuidado? Olha que, nesses dias loucos, vale tudo pra se curar.
Claro que é preciso estar atento (e forte) e tomar cuidado para o tiro não sair pela culatra e acabar esvaziando discussões importantes necessárias com o exagero da brincadeira, acabar dando visibilidade e amenizar demais a figuras que não valem a publicidade gratuita. Saber dosar e dar limite, pois a graça da piada acaba quando esbarra na dor do outro, ou quando entra em temas que pedem seriedade.
As amenidades surgem como um respiro para a mente nesta era veloz da informação. É como uma massagem no cérebro depois de um dia difícil. Maratonar aquela série favorita e esquecer que no dia seguinte tudo volta ao normal. Sair do ar, ocupando o tempo com algo que não te exija pensar demais. E da-lhe comédia romântica “água-com-açúcar” pra preencher o vazio das relações líquidas, e ir dormir com a sensação de que o final feliz chega pra todo mundo.
O problema é quando a realidade (ou o que pensamos que ela é) chega freneticamente, praticamente arrombando os portões. Ficamos autocríticos num nível a ponto de sentir culpa por tudo. A vida passa a ser um peso, e o espelho já não sorri de volta. Sistema, padrões, esvaziamento das relações, cobrança consigo mesma de ter que ter sucesso imediato em tudo o que faz. A gente corre tanto pra alcançar uma realização pessoal, que as vezes esquece até que é uma pessoa. Sem saber muito como e nem por que, o buraco já está feito, e a gente está lá no meio dele.
Não precisa ir longe, pesquisar no google e muito menos fazer uma faculdade para conhecer alguém que sofra ou já sofreu com a depressão. A gente cruza com ela o tempo todo, e, muitas vezes, tá ali, guardadinha em quem você menos imagina. E, se estamos aqui falando pra Além da Imagem, então vamos lembrar de não julgar a felicidade pelas aparências.
É isso! Setembro Amarelo todo ano vem nos recordar deste mal do século, aquele que ninguém está livre de experimentar: a depressão. Ficamos pensando sempre na forma delicada de abordar este tema, visto que ainda é um campo tão subjetivo, mas que não pode mais ser abafado. É importante pontuar que, no fundo, a depressão é quase que uma impotência frente ao fantasma de uma autoimagem distorcida. É lutar consigo mesmo, e se sentir incapaz de vencer. É olhar ao redor e não enxergar a direção, ou, às vezes, até enxergar, mas não ter forças pra seguir. Mesmo não sendo especialista no assunto, trago à tona com a propriedade de quem já vivenciou, e posso falar com todo a certeza, esconder a dor embaixo do tapete da sala de estar não nos livra de senti-la.
Se você precisa de apoio, ou conhece alguém que precise, entre em contato com o Centro de Valorização da Vida, CVV. Eles dispõem de pessoas capacitadas a acolher.
Ligue para 188 ou acesse através do site www.cvv.org.br
Por Ágatha Lim