Com quase 30 anos dedicados à saúde pública, Christielle Montenegro, de 43 anos, traz para o atendimento dos pacientes o principal componente: o elemento humano. A servidora, que contribui para os serviços estaduais e municipais, coordena o programa de atenção domiciliar pela Secretaria Municipal de Saúde.
“O programa é ligado à Equipe Multiprofissional de Atenção Domiciliar (EMAD). Nosso público se restringe a indivíduos com feridas, ou que estejam impossibilitados de locomoção (acamados). Estou nesta área há quase três décadas, e me sinto realizada na minha área de atuação, que é o tratamento de feridas. Minha maior satisfação é cuidar da pessoa, não da doença”, disse Christielle, apelidada de Chris por amigos, colegas de trabalho e pacientes.
Além de ser a coordenadora dos atendimentos domiciliares, Chris também conta com uma equipe predominantemente feminina, formada por médicas, enfermeiras, nutricionista e fisioterapeuta. “É fundamental para a valorização – pessoal e profissional – que as mulheres não tenham medo de mostrar os seus talentos, ao mesmo tempo não esquecendo do componente da sensibilidade, que também faz toda a diferença em qualquer tratamento”, destacou a enfermeira.
FERIDAS DA ALMA
Entre os vários atendimentos realizados, Chris relembra o de um paciente com queimaduras de terceiro grau, que além de estar desprovido de cuidados, estava desprovido de atenção e carinho. “Esse caso foi muito marcante, pois foi aí que reforçamos o elemento humano no contato com estes pacientes. Passamos a incluir musicoterapia e, graças a Deus, começamos a cuidar das feridas da alma”, explicou.
A relação, de acordo com a profissional da saúde, funciona em uma via de mão dupla: “Os pacientes também nos ensinam. Eles nos incentivam a melhorar como profissionais e principalmente como seres humanos. A abordagem ao paciente é de fundamental importância, pois é a partir desse contato que se estabelece uma relação de confiança em que um cuida e complementa o outro”.
MAIS AMOR
Para os futuros colegas de profissão, Chris volta a reafirmar que, embora existam protocolos dentro e fora das unidades de saúde, isso não deve ser empecilho para que os profissionais caiam na armadilha de agir “mecanicamente” com as pessoas que buscam ajuda e tratamento.
“É preciso sempre buscar esse resgate da essência da enfermagem. O cuidar, o tocar, sentir e ouvir… Tudo isso acompanhado de mais amor e cuidado, porque reestabelecer a saúde de alguém apenas com remédios e exames é muito difícil. Temos sempre que levar em conta o estado emocional das pessoas, lembrando de que elas possuem uma dignidade que precisa ser respeitada. Isso não tem preço”, afirmou.
EM BOA COMPANHIA
Entre as colegas de trabalho da enfermeira, está a nutricionista Maria do Carmo Costa, que também compartilha esse exercício da empatia aliado aos cuidados com os pacientes.
“Estou há 11 anos na área, e aprecio, dentre outras coisas, a capacidade da mulher em enxergar o indivíduo no seu contexto integral, que abrange as necessidades físicas e emocionais – ou seja, a doença do corpo e da alma. Mas claro que isso não se restringe apenas às mulheres. Todos ganham quando exercem a empatia”, detalhou Maria do Carmo.
“Conheço o trabalho das duas profissionais e sinto orgulho do serviço que elas prestam. Sou servidora pública municipal há 17 anos, e minha maior realização enquanto profissional, assim como a Chris e a Maria, é poder ser uma facilitadora, permitindo que os pacientes aprendam que todos os mecanismos do nosso corpo são importantes. O que me encanta enquanto profissional é perceber resultados positivos e ouvir essas mudanças dos próprios pacientes”, disse a fisioterapeuta pélvica Adna Maia.