Questionado se o secretário de Habitação do governo Tião Viana (PT), Jamyl Asfury, estaria envolvido no esquema de venda de casas populares, o delegado Robert Alencar, que preside o inquérito da Operação Lares, disse que “as investigações ainda estão no início”. O investigador não deu detalhes sobre a próxima fase da apuração, mas considera que o depoimento do secretário “será de fundamental importância”.
Num post intitulado “A verdade acima de tudo”, o secretário nega qualquer envolvimento no caso e anuncia, em sua página no Facebook, que ele próprio denunciou o esquema liderado por seus assessore diretos.
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Uma ação já foi protocolada na 2º Vara Criminal de Rio Branco, pedindo a devolução, para o governo, das 40 casas populares negociadas por meio de um esquema criminoso, cujos principais suspeitos estão presos. A polícia avalia que uma decisão favorável saia em 10 dias. “Os nomes dos beneficiados não serão revelados agora. Mas isso será inevitável diante de uma possível ordem judicial para que os imóveis sejam devolvidos ao Estado”, informou o delegado.
A polícia não revela os endereços (quadra e número da casa) dos imóveis negociados, mas confirma que as unidades foram vendidas por valores que variam de R$ 20 mil a R$ 30 mil. “Não há grandes benfeitorias realizadas nesses imóveis. Porém, tudo que eles investiram será perdido”, explica o delegado.
Todos os receptores dos imóveis foram ouvidos, de acordo com a polícia, e já respondem pelo crime de estelionato. Não houve quem admitisse ter comprado ou recebido as casas por outros meios. Para os investigadores, eles mentiram em depoimento, uma vez que as provas da fraude incluem uma lista de endereços falsos declarados pelos próprios acusados.
O delegado Robert Alencar disse que quem comprou as casas declarou morar em áreas de risco. Uma missão policial checou os endereços e descobriu que nessas localidades moravam famílias que nada têm a ver com o esquema.
Conforme divulgou ContilNet, a companheira da ex-servidora Cleuda Maia, com quem ela tem uma relação homoafetiva, foi uma das pessoas contempladas. Uma servidora do Depasa, que é engenheira, teve um dos imóveis negociado com a participação direta de Cícera Dantas, presa nesta terça-feira (26). Uma amante do diretor-executivo Daniel Gomes, também preso durante a Operação Lares, foi presenteada com outra casa. Da parte do coordenador técnico-social da Sehab, Marcos Hulk, a polícia identificou dois direcionamentos de casas, sendo uma para o cunhado, irmão de sua esposa, e outra para a babá do seu filho.