Autoridades revisam número de mortos em tragédia com embarcação na Bahia

Autoridades revisaram o número de vítimas da tragédia com uma lancha na Baía de Todos-os-Santos, na travessia Mar Grande – Salvador. Em entrevista na tarde desta quinta-feira (24), representantes da prefeitura de Vera Cruz, na região metropolitana de Salvador, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar disseram que ao menos 18 pessoas morreram no acidente. A Capitania dos Portos confirmou o mesmo número por volta das 15h50.

Equipes trabalham na busca de desaparecidos após naufrágio de um barco no Rio Xingu, na região de Ponte Grande do Xingu, entre Porto de Moz e Senador José Porfírio, no Pará (Foto: Paulo Vieira/Arquivo Pessoal)

Inicialmente a informação era de que 22 pessoas tinham morrido na tragédia, segundo a Capitania dos Portos. De acordo com a Marinha, o número foi revisado e corrigido por volta das 15h50 desta quinta-feira (24), após o Departamento de Polícia Técnica (DPT) informar à Capitania o novo dado.

Ainda segundo a Marinha, cinco corpos foram resgatados por equipes da Capitania dos Portos e levados para o Instituto Médico Legal (IML) em Salvador. Os outros corpos foram levados para unidades do IML na região de Vera Cruz, informou a Capitania.

O acidente aconteceu após a lancha virar, ainda em Mar Grande, cerca de 10 minutos após deixar o terminal marítimo com destino à capital baiana, por volta das 6h30. A operação do sistema foi imediatamente suspensa em Salvador e Mar Grande. Chovia no momento do acidente, o mar estava bastante agitado e a maré estava alta.

ocorrista do Samu levou um bebê no colo, mas criança não resist (Foto: Xando Pereira/Agência A Tarde/Estadão Conteúdo)

A embarcação, chamada de Cavalo Marinho I, tinha capacidade total de 160 pessoas.
Inicialmente a informação era de que o barco transportava 124 pessoas, sendo 120 passageiros e quatro tripulantes, mas este número também foi revisado: a embarcação transportava na verdade 120 pessoas, sendo 116 passageiros e quatro tripulantes.

Segundo a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), 89 pessoas foram resgatadas com vida até 15h50. Os sobreviventes foram levados para hospitais da região: 70 estão na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), em Mar Grande; 15 estão no Hospital Geral de Itaparica; dois estão no Hospital do Subúrbio e dois no Hospital Geral do Estado (HGE), ambos em Salvador.

Acidente matou mais de 20 pessoas em Mar Grande (Foto: Juliana Almirante/G1)

Sobreviventes

Sobreviventes da tragédia relataram que viveram momentos de pânico quando a embarcação virou. Edvaldo Santos de Almeida estava na lancha e disse que o acidente aconteceu após uma onda atingir a embarcação.

“Estava chovendo, começou a molhar. Veio uma onda e virou. Tinha muita gente”, disse.

Um bebê chegou a ser socorrido por equipes do Samu após o acidente, mas morreu dentro da ambulância.
Outro bebê, de 6 meses, também morreu na tragédia. Ele viajava com a mãe, a irmã e uma tia; os familiares sobreviveram.

“Ela [a mãe] contou que tentou salvar o filho dela, mas não conseguiu. Tá doloroso demais, muito doloroso”, disse Jane da Cruz, tia da criança.

Outros dois sobreviventes disseram que a lancha virou após boa parte dos passageiros se concentrar em um lado só da embarcação.

“Não estava jogando muito como já jogou outras vezes, mas estava chovendo. Choveu, acho que veio a onda e a pessoa que estava tomando chuva, tinha um pessoal tomando chuva do lado direito, veio mais para a esquerda. Juntou tudo, aí pesou e virou. Foi aquele Deus nos acuda”, relatou o arquiteto Silvio Oliveira.

A técnica de enfermagem Luana Andrade também estava na embarcação que virou.
“As pessoas começaram a ficar em pânico e algumas pessoas passaram para o lado contrário da lancha. O peso, então, ficou de um lado só”.

Investigação

De acordo com a Marinha, a embarcação estava regular e um inquérito administrativo será instaurado para apurar causas, circunstâncias e responsabilidades do acidente.

O presidente da Associação dos Transportadores Marítimos da Bahia (Astramab), Jacinto Chagas, disse que a lancha estava com todos os itens de segurança em dia. “A embarcação foi vistoriada recentemente, cumpria todas as exigências emitidas pela Capitania dos Portos. Tinha todos os seus coletes, conforme previsto nas normas. Todas as boias salva-vidas, conforme previsto nas normas. Tripulação conforme previsto nas normas. Totalmente e adequadamente regularizada”, afirmou.

Chagas afirmou que o sistema já operou em condições marítimas mais difíceis, sem registros de acidente. “Este mar de hoje estava longe do mar que a gente já navegou em condições inadequadas. Quando o mar está revolto e a gente vê que não é seguro, a gente automaticamente suspende. Hoje, no momento do acidente, com certeza estava em condições de navegabilidade”, disse o presidente da Astramab.

Graer atuou no resgate de vítimas após embarcação vira em Mar Grande, na Bahia (Foto: Graer/ Divulgação)

 

PUBLICIDADE