Dois prefeitos do interior correm risco de cassação, e quem manobra nos bastidores é Vagner Sales

Chapa quente

A tensão só aumenta na segunda maior cidade do Acre, enquanto o prefeito de Cruzeiro do Sul, Ilderlei Cordeiro (Progressistas), continua ocupado em assinar os decretos de exoneração de dezenas de pessoas – entre as quais cinco médicos que prestavam serviço no município.

Protesto

A sessão na Câmara de Vereadores do município desta terça-feira (23) foi marcada pelo protesto de idosos que frequentam o centro da terceira idade. Eles reclamam da demissão de uma servidora e exigem sua recondução ao cargo.

Casa de caba

Para esta quarta (23) está agendada nova manifestação, desta vez em defesa de uma médica, nora de Vagner Sales, uma das demitidas pelo prefeito. Os manifestantes prometem se aglomerar em frente ao posto de saúde onde ela dava expediente.

Perigo real

Impopular, odiado pelos demitidos e agora acuado por manifestantes, Ilderlei também se vê enfraquecido no parlamento municipal. Se antes aprovava o que bem queria na Câmara, a situação se inverteu. E ele corre o risco de ser cassado, segundo fonte da coluna.

Na ponta do lápis

Dos 14 vereadores cruzeirenses, apenas seis compõem a bancada de apoio do alcaide na Câmara – sendo que dois deles do PDT, partido que no Acre sempre deu sustentação ao Partido dos Trabalhadores.

Maioria

No campo da oposição, portanto, são oito parlamentares a formarem, no município, a bancada de oposição ao prefeito do Progressistas.

Milimetricamente calculado

O cálculo do impeachment de Cordeiro leva em conta até mesmo a possibilidade de um empate, o que ainda assim lhe seria prejudicial, levando-se em conta que o critério de desempate seria a idade do mais velho entre os vereadores – que está na oposição.

Rolos

Razões há de sobra para que a Câmara instaure um processo de cassação do prefeito, segundo nossa fonte. E a mais grave entre elas está relacionada ao Centro Brasileiro para a Conservação da Natureza e Desenvolvimento Sustentável (CBCN), Ong que recebeu repasses vultuosos da prefeitura sob a justificativa de acabar com o lixão da cidade.

Do arco da velha

Enquanto Ilderlei tratava de injetar recursos públicos na CBCN, alegava não dispor de recursos para pagar as empresas que se encarregam da coleta de lixo. E, via Câmara Municipal, empurrou a fatura para os munícipes, em forma de um novo imposto sobre o recolhimento dos detritos domésticos.

Digitais

É claro que sobre alguns desses fatos estão as digitais do antecessor, Vagner Sales (MDB), com quem Ilderlei rompeu depois de ter sido guindado ao cargo de prefeito, graças à força do primeiro.

Tramoia

Alguns vereadores andam participando de reuniões periódicas com o ex-prefeito de Cruzeiro do Sul, que estaria inclusive usando a estrutura de gabinete da filha Jessica Sales – reeleita para o cargo de deputada federal – a fim de cooptar os recalcitrantes.

Sozinho na escuridão 

Do mesmo partido do governador eleito Gladson Cameli, Ilderlei Cordeiro tenta buscar apoio junto aos correligionários. O problema é que eles já enxergaram o tamanho do desgaste político que é tê-lo na sigla. E avaliam que só teriam a ganhar com a prefeitura nas mãos do vice-prefeito, Zequinha Lima, também do Progressistas.

Passo número 1

O primeiro passo em direção à cassação de Ilderlei deverá ser dado com a eleição da nova Mesa Diretora da Câmara. A derrota de Ilderlei é vista como inevitável.

Desdobramento

Com a mudança, será colocada em prática a manobra de Vagner Sales em retaliar o antigo protegido, que o traiu e o afrontou, ao colocar na disputa para a Câmara Federal o tio Rudilei Estrela.

Motivação

A traição política foi também a razão que levou Vagner a operar a deposição do prefeito de Marechal Thaumaturgo, Isaac Pianko, que se elegeu pelo MDB e se mudou para o Progressistas.

Estrela cadente

Apoiado por Sales na campanha de 2016, Pianko embarcou na onda de Rudilei, e sua estrela perdeu o brilho para os Sales. É agora considerado como um inimigo político.

Movimentação

Na semana passada, um grupo de vereadores de Marechal Thaumaturgo esteve na cidade de Cruzeiro do Sul a fim de formalizar, no Ministério Público Estadual, denúncia contra a administração de Pianko.

O público e a privada

Em setembro, a ContilNet publicou denúncia de que Pianko nomeara um condutor de embarcação com salário mensal de R$ 17 mil. Leia a matéria aqui.

Às claras

Antes, a coluna já havia apontado a farra de diárias pagas pelo prefeito indígena de Marechal Thaumaturgo – tudo sob as barbas do Tribunal de Contas do Estado e dos promotores do MPE.

Bolsa de apostas

Resta saber se Sales terá força para derrubar os dois desafetos ou apenas um. Nesse último caso, a tendência é que caia o prefeito de Cruzeiro do Sul.

Registro

A coluna parabeniza Marcio Charly pela passagem do seu aniversário, ocorrido ontem (23). Leitor assíduo da coluna, Charly não perde uma edição desta Pimenta no Reino. Além dos parabéns, fica aqui o registro da nossa gratidão pela audiência de todos os dias.

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