20 anos depois, a volta de um Cameli ao Palácio Rio Branco

Exatos 20 anos depois do fim do governo de Orleir Cameli (1995 -1998), seu sobrinho Gladson (Progressistas) assume o comando do Palácio Rio Branco. Neste período, as forças ditas de esquerda, com o Partido dos Trabalhadores (PT) na liderança, estiveram no comando do Executivo estadual. Jorge Viana (1999 – 2002, 2003 – 2006), Binho Marques (2007 – 2010) e Tião Viana (2011 – 2014, 2015 -2018) foram os governadores que sucederam o tio do futuro governador que vestirá a faixa governamental em posse nesta terça-feira (1).

Orleir Cameli, falecido em maio de 2013, se elegeu governador pelo PPR, no segundo turno das eleições de 1994, derrotando Flaviano Melo (PMDB. Em 95 foi para o PPB, em 96 para o PFL e, por último, em 2007, para o DEM. Não disputou a reeleição em 98 e não participou da cerimônia de posse de seu sucessor Jorge Viana, em janeiro de 99, a quem não repassou a faixa. O ato será repetido por Tião Viana, que informou em nota oficial que não se fará presente à posse e transmissão de cargo a Gladson Cameli que deverá receber a faixa governamental das mãos do pai Eládio Cameli (irmão de Orleir) e do filho Guilherme.

A volta de um Cameli ao governo é interpretada como herança política por uns, e como fim de um ciclo da esquerda no poder estadual do Acre por outros.

A esses fatores vale somar o fato de que as sucessivas votações expressivas de Gladson Cameli, contabilizam os méritos dele próprio, que além dos cruzeirenses, seus conterrâneos, ganhava a simpatia do povo da capital, que caía nas graças do novo Cameli que ascendera ao Poder.

Gladson Cameli foi eleito como governador do Acre, 20 anos depois de seu tio/Foto: ascom

Tendo ingressado na política por vontade própria, contrariando até a família, especialmente o pai, o engenheiro civil Gladson Cameli, nascido em Cruzeiro do Sul era desconhecido em Rio Branco (maior colégio eleitoral do Acre) e demais cidades, a exceção do Juruá.  Decide, então, se fazer conhecido com vistas às eleições estaduais e federais de 2006 e elege-se deputado federal com 18.886 votos, vindo a se reeleger para um segundo mandato em 2010 com 32.634 votos e, depois, senador em 2014 com 218.756 votos, o equivalente a 58,36% dos votos válidos. As eleições para o governo do Estado de 2018, venceu com 222.993 votos (53,71%). (números: site do TRE-AC)

Esta foi a primeira derrota do PT nas disputas estaduais em 20 anos e uma das estratégias da campanha petista foi justamente vincular a imagem de Gladson a do tio Orleir, que concluía sua gestão ao final de 98, com o governo do Estado devendo, de acordo com as fontes oficiais, mais de três meses de salários dos servidores públicos estaduais.

Mas este não era o único desgaste sofrido por Orleir. Com quase nenhum apoio da bancada federal, enfrentava forte oposição na Assembléia Legislativa do Acre (Aleac), inclusive um pedido de impeachment por supostos crimes de peculato, improbidade administrativa e corrupção. Foi um governador duramente criticado, em meio a acusações de que possuía mais de um Cadastro de Pessoa Física (CPF) e por retirar os recursos do Fundo Previdenciário do Estado (valor estimado em R$ 42 milhões de reais, à época) para a construção de casas populares, entre outras denúncias e processos que respondeu até o fim da vida.

Apesar do desgaste político, Orleir era considerado um governador popular, quase que adorado na sua região de origem, o Juruá, onde a população parece passar alheia a tudo o que de negativo se diz sobre a família Cameli.  As estradas que conseguiu construir no Acre também garantiram a Orleir, a marca mais positiva de seu governo: os primeiros pavimentos asfálticos da BR 364, em território acreano, nos trechos de Cruzeiro do Sul ao Rio Liberdade e de Rio Branco a Sena Madureira; e da BR 317, o asfalto até Xapuri.

Depois de sair do governo, Orleir Cameli, que antes de eleger governador tinha sido prefeito de Cruzeiro do Sul (1993-1994) decide deixar a política como candidato e as notícias eram de que havia retornado à direção de suas empresas, vindo a falecer em 2013, aos 64 anos de idade, por uma parada cardiorrespiratória, enquanto enfrentava seu pior algoz: um câncer de intestino.

Há quem diga que assumir o lugar do tio, 20 anos depois, não seria mera coincidência, mas resultado da empatia de Gladson por Orleir com quem teria aprendido a gostar de política, sendo o único da família a herdar esse legado político, além de outras características do “Barão do Juruá”, que lhe inspiraram a percorrer o caminho e seguir os passos que agora o levam a subir as escadarias do Palácio Rio Branco como governador, aos 40 anos de idade.

 

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