24 de abril de 2024

Produtores e vendedores de açaí pressionam vereadores e deputados para retomarem venda do produto na cidade

Um manual de boas práticas que informe a procedência e ofereça todas as garantias para o consumo do açaí vendido de forma artesanal nas ruas de Rio Branco deverá ser a principal consequência das ações políticas em que foi transformado o caso de saúde pública desde que foi detectada a existência de fezes do barbeiro – o protozoário transmissor da doença de chagas – em meio ao produto. O Manual trará uma série de critérios técnicos que incluem ações de qualidade desde o momento da coleta na floresta, para selecionar o caroço do açaí, até o processamento do produto sob temperatura elevada entre 60 a 80 graus, utilizando uma técnica chamada “branqueamento”.

“Passando por esse processo, será eliminado qualquer tipo de protozoário e qualquer outra bactéria. Hoje, nós estamos discutindo a doença de chagas, mas nós temos também uma série de outras doenças que podem ser ocasionadas pela má e incorreta produção de alimentos que podem prejudicar a saúde humana. No caso da doença de chagas pode levar inclusive a óbito”, disse o secretário municipal de saúde, Oteniel Almeida, após participar, nos últimos dois dias, na Câmara Municipal de Rio Branco e na Assembleia Legislativa, de audiências públicas com vereadores e deputados, além de produtores e vendedores de açaí, para debater o assunto.

Oteniel Almeida/Foto: ContilNet

  As decisões sobre a criação de uma legislação específica para tratar do açaí, com um Manuel e um selo de qualidade atestando a boa procedência do produto, estão sendo discutidas entre vereadores, deputados estaduais, autoridades de saúde e sanitárias, além dos produtores e vendedores envolvidos. A ideia é que o impasse seja resolvido em breve e que a venda do açaí em Rio Branco possa ser retomada sem riscos e em breve.

A possibilidade de contaminação no produto foi detectada pela própria secretaria municipal saúde, através da divisão e vigilância sanitária, no início do ano, e todas as pessoas que ingeriram o produto nos últimos meses foram convocadas a se submeterem a exames.

A divulgação do resultado dos exames deve ocorrer no próximo dia 20. Pelo menos duas mil pessoas se submeteram aos exames. Dia 18 será o último dia para exames das pessoas que ingeriram produto nos últimos meses do ano passado e agora no início e 2019. A convocação para os exames vem sendo feita desde o dia 1º de fevereiro, principalmente em relação à população que comprou e tomou açaí dos fornecedores das banquinhas instaladas no entorno do “Mercado Elias Mansour”, no bairro Cadeia Velha, em Rio Branco.

Reunião na Aleac/Foto: ContilNet

O manual de boas práticas deverá ser o resultado das ações de um grupo de trabalho criado no âmbito municipal, estadual e federal, através de seus órgãos de fiscalização, com a participação de todos os envolvidos na cadeia produtiva do açaí. Lei a ser aprovada na Assembleia Legislativa, de iniciativa de Genilson Leite, médico e deputado estadual (PC do B), prevê a atualização do Código Sanitário e a criação de um Selo, que comprove a boa procedência e qualidade do açaí, segundo deverá ser debatido amanhã, dia 13, na Câmara Municipal. “Vamos dividir as responsabilidades e tomar decisões que beneficiem os produtores, mas que levem em conta, principalmente, a saúde da população, que tem o direito de consumir um produto de qualidade e sem nenhum risco à sua saúde”, destaca Oteniel Almeida.

Segundo ele, a venda do açaí não está proibida em Rio Branco para quem estiver com o Alvará Sanitário em dias. “Nosso papel não é interromper a cadeia produtiva do açaí, e sim, garantir que o produto chegue à mesa do consumidor sem risco de morte, como fazemos desde 2016, e só agora encontramos problema em um dos pontos de venda”.

 A informação da contaminação causou prejuízos aos produtores e comerciantes do produto porque a população praticamente suspendeu o consumo. O que era um caso de saúde pública tornou-se um problema político e foi parar na Câmara Municipal de Rio Branco e na Assembleia Legislativa. Os produtores e vendedores de açaí procuraram deputados e vereadores a fim de que sejam criados mecanismos que em que eles possam voltar a trabalhar e a população possa consumir o produto sem medo.

Vendedores falam da necessidade de retomarem ao trabalho

“Eu sustento quatro filhos com a venda do açaí. Sem a procura do produto pela população, minha família pode passar fome”, disse a vendedora Leonicce Barroso, moradora do bairro Sobral, mãe de quatro filhos, solteira, que antes dos problemas serem detectados vendia média de 60 litros do produto por dia.

Genival Rebouças/Foto: ContilNet

O maior vendedor de açaí da cidade, no entanto, é Genival Antônio Rebouças, de 69 anos e que trabalha com o produto faz pelo menos 35 anos em bancas instaladas no entorno do mercado “Elia Mansour”. Vendia a média de 700 litros do produto por semana e diz que precisa voltar a trabalhar o mais breve possível.

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