PSL no Acre racha por causa de disputa entre membros por apoio ou não ao governo

Vitorioso nas urnas, um fracasso em sua política interna e de organização. As mesmas brigas envolvendo deputados da bancada do PSL, o partido que elegeu o presidente Jair Bolsonaro, com membros do governo, como é o caso do deputado paulista e ex-ator pornô Alexandre Frota, que está praticamente rompido com os aliados, ao que tudo indica, contaminaram o diretório local. Por aqui, o pé de guerra é entre sua própria executiva num debate para saber se o PSL deve ou não participar do governo Gladson Cameli.

Um grupo, capitaneado pelo coronel da PM Ulysses Araújo, que foi candidato a governador pela sigla no ano passado, defende a entrada e adesão ao governo de Gladson Cameli de fora pragmática, “sem barganha de cargo ou outro tipo de política na base do toma lá dá cá, conforme preconiza o nosso presidente Jair Bolsonaro”. Outra parte, liderada por Tião Bocalom, que quase foi eleito deputado federal com mais de 27 mil votos, entende que o PSL deve fazer parte do governo ocupando cargos.

A propósito, Ulysses Araújo já se adiantou e na manhã desta quinta-feira (11) esteve no gabinete do governador Gladson Cameli, levado pelo vice-governador Wherles Rocha, para uma conversa sobre a adesão do PSL ao governo.

O que ele talvez não soubesse é que, enquanto conversava com o governador e o vice sobre o assunto, uma carta aberta, assinada pelo vice-presidente regional do partido, o empresário Fernando Lage, pelo suplente de deputado federal Tião Boca-lo e pelo ex-candidato ao Senado Paulo Pedrazza estava sendo encaminhada ao diretório nacional pedindo providências quanto ao presidente da sigla no Estado, Pedro Valério, que é contra a adesão do PSL ao governo.

“Por este instrumento, em Carta Aberta, querem os subscritores conclamar a Executiva Nacional do Partido Social Liberal para interceder nessa importante questão, no sentido de autorizarem os subscritores a realizarem a referida reunião extraordinária para deliberarem se integram ou não a base de sustentação do Governo Gladson Cameli, deixando claro que nada exigem em troca para contribuir com a governabilidade do Governo Estadual”, diz a carta elaborada no Acre.

O documento foi elaborado pelo advogado Waldir Perazzo, que funciona como assessor da executiva do PSL e formulador das ideias de criação, no Estado, do que ele chama de uma via liberal conservadora, que seria o perfil do PSL e o papel que eles defendem para o governo de Gladson Cameli, depois de 20 anos de governo com viés ideológicos à esquerda e do petismo. “Nós também queremos fazer parte do governo mas sem barganha e sim pelo que o governador Gladson Cameli vem fazendo em defesa do governo do presidente Jair Bolsonaro”, disse Perazzo.

Não é isso o que pensa, por exemplo, o presidente da executiva estadual, empresário Pedro Valério. Invocando o estatuto do partido ele proibiu a realização de uma reunião proposta por Tião Bocalom, na condição de secretário do partido, para que o PSL decidisse ou não pela entrada no governo de Gladson. Para Valério, que acusou Bocalom de extrapolar suas funções e lhe usurpar as funções de presidente, o que Bocalom quer mesmo é cargo e fazer parte do governo, já que, na semana passada, chegou a dizer a amigos que iria ser secretário de Agricultura e Agronegócio do governo, o que acabou não acontecendo porque o atual secretário, Paulo Salvador Wadt, foi mantido.

Pedro Velério é denunciado em carta aberta pelos membros da executiva do PSL no Acre/Foto: reprodução

O comportamento de Valério suscitou o a carta ao diretório nacional, disse Fernando Lage. Segundo ele, não se trata de uma carta contra ninguém, nem mesmo contra Pedro Valério. “Nós vamos discutir isso em maio, quando vai haver eleições para o diretório. O que a gente quer é contribuir com um governo que se alinha com o nosso pensamento”, disse Lage.

O PSL está tão rachado que dois membros da executiva – Ressine Jarude e Walmir, ex-vereador por Rio Branco, deixaram de assinar a carta à executiva nacional, embora também defendam a entrada do partido no governo Gladson Cameli. Eles gostariam de ser chamados à mesa de negociação pelo governador Gladson Cameli, segundo justificaram para não assinarem a carta à executiva nacional.  A adesão ou não ao governo vai ser decidida numa reunião no próximo final de semana ou dentro de 15 dias – ao que tudo indica, o PSL não se entende nem quanto à data das suas reuniões.

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