26 de abril de 2024

Burnout e a vida digital: o jovem millennial e a falta de limite entre pessoal e profissional

Se você, como nós, nasceu aproximadamente entre as décadas de 1980 e 2000, PA-RA-BÉNS! Você também é um jovem millennial! Filhos de uma era onde os avanços tecnológicos passaram a fazer parte da rotina, cada vez mais tivemos que nos adaptar e aprender – muito rápido – sobre novas ferramentas e profissões. Vivenciamos mudanças de valores e comportamentais, novas formas de consumir e se relacionar. Frutos da modernidade líquida e da vida online, ressignificamos também o amor – do romântico à praticidade de ter a si mesmo como figura central da própria vida. Sucesso deixa de ser (prioritariamente) constituir uma família, mas sim crescer e ser reconhecido profissionalmente.

E se vivemos nessa era da informação 24h, com tudo e com todos disponíveis a um clique, o sentimento é de que não se tem mais tempo para se desligar. O funcionário contratado, com expediente das 8h às 18h, intervalo de duas horas para almoço e folga aos fins de semana, já não é mais uma realidade: o celular, sempre ao alcance da mão, te faz responder aquela mensagem do chefe às 23h, atender uma ligação às 6h da manhã, e almoçar respondendo um e-mail – ferramenta que em pouco tempo, infelizmente, deve se tornar obsoleta.

Ilustração: Scar1984

Se for autônomo ou trabalhar com a internet, o caso se torna ainda pior: não tem feriado ou fim de semana, afinal, é quase que obrigatório bater o ponto nos stories ou no feed para alimentar a fome de conteúdo e se fazer visível ao público. Necessidade de estar produtivo o tempo todo, perdendo, cada vez mais, a separação entre pessoal e profissional. O chamado marketing pessoal, que torna comportamento e imagem (ou maneira como se expõe isso ao mundo) em marca e referência de qualidade do que você entrega profissionalmente. Nunca se deu tanta importância ao lifestyle ou se romantizou tanto o termo workaholic (pessoa viciada em trabalhar) quanto em tempos de redes sociais.

Recentemente me deparei com um texto de uma criadora de conteúdo que falava sobre se dar um tempo para fazer nada. Depois de meses de muito trabalho, e antes de encarar um novo desafio profissional, ela tirou um mês para si: colocou as contas do débito automático, não abriu nenhum e-mail e foi aproveitar a vida des-li-ga-da. Uma atitude simples e natural, mas que parece impossível quando pensamos que o celular (e todas suas ferramentas de trabalho e sociais acopladas) são praticamente uma extensão de nós.

E aí, naquele dia ou naquelas férias em que tiramos para ficar no ócio, vem o sentimento de culpa e o complexo de que “hoje eu fui completamente inútil para ao meu país”. Porque fazemos isso com a gente? Será que tirar um tempo para se desconectar é mesmo ter um tempo jogado fora?

Nessa coisa de se cobrar demais,corpo e mente exaustos entram em burnout – um termo em inglês que significa “síndrome de esgotamento físico e mental, cuja causa está intimamente ligada ao excesso de trabalho”. Sim, pois o nosso organismo tem necessidades e não entende o ritmo intenso ao qual o expomos, resultando num efeito contrário à produtividade, e as vezes até afetando nossas habilidades cognitivas mais simples: memória, resposta a estímulos, coordenação motora… ou seja, não tem café que anime uma mente que precisa DESCANSAR.

Já que estamos entrando em 2020 e, comumente, fazemos resoluções para encarar o novo ano, que tal colocar na lista e na agenda aquele tempinho pra você? Se desliga, respira, medita, faz algo que te agrada, sai pra passear, e compartilha nas redes só se tiver vontade mesmo, sem aquela ansiedade em ficar provando aos outros o que está fazendo.

Ouve teu corpo, olha pra dentro, olha pra quem tá ao seu redor. Vive o momento, que é único. Esse é o nosso recado de coach ao contrário: dorme enquanto precisar. Tá tudo bem não estar por dentro de tudo, e desacelerar faz bem à alma, ao corpo e à mente.

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