Queixumes da secretária de Planejamento não justificam ‘saída avalanche’ do governo

O que aconteceu, Maria Alice?

As primeiras declarações da ex-secretária de Estado de Planejamento e Gestão Administrativa, Maria Alice Melo, apontando que o Governo que ela ajudou a construir, do qual ela fazia parte desde a primeira hora e cujo planejamento estava sob sua responsabilidade, não teria rumo se a administração pública e a gerência de um estado fosse um laboratório de caprichos, onde cada um faz aquilo que bem lhe aprouver. As declarações da secretaria seriam naturais e até certo ponto aceitáveis se não houvesse esforço do governador para que as coisas deem certo, se ele não se esforçasse a olhos vistos.

A saída da secretária não e uma questão de abandono de um cargo de natureza política. Também não se resumem à insatisfação pessoal quanto ao cargo que ocupa, sobretudo quando se trata de um acento de muita relevância, dado que cabe à Secretaria de Planejamento e Gestão, a Administração da folha de pagamento, do orçamento geral do Estado e, principalmente, a captação de recursos. Contudo, no caso das primeiras palavras proferidas por Maria Alice dizendo “Não posso ficar num governo sem rumo” ou que “a gestão tem administrado no amadorismo e sem planejamento”, são injustas e impróprias.

Ora, ao que tudo indica, há contradições, pelo menos em relação às razões apontadas pela engenheira civil, publicadas na coluna do Crica. Se “não há rumo” e “nem planejamento”, devemos perguntar ao governador Gladson Cameli, qual a sua verdadeira intenção quando criou uma secretaria robusta de planejamento e gestão? Bem, em primeiro lugar, uma secretaria de planejamento é responsável única e exclusivamente pelo PLANEJAMENTO, ferramenta que delineia os rumos do governo. Se não há planejamento de curto, médio e longo prazos; se não há governança da gestão nos níveis estratégicos, táticos e operacionais, não haveria motivo para juntar planejamento e gestão num mesmo ambiente organizacional tão robusto como o que foi estruturado para dar respostas ao ousado desejo da Mudança conforme a nunciado e aprovados nas ruas em 2018.

Ao que se espera, no mínimo, de uma secretaria de planejamento e gestão, inclusive com competências para criar o ambiente favorável, inclusive com competências para criar o ambiente favorável ao profissionalismo e abandono do amadorismo, é um plano de qualificação, voltado para as competências organizacionais mais urgentes; a formulação de um modelo de planejamento viável; a concretização objetiva e exequível das ferramentas de planejamento, tais como PPA, LDO, LOA e Plano Estratégico, que, em síntese, deve revelar a imagem do projeto político à luz de um ideário de sociedade em que os 11 partidos aliados da Mudança idealizaram. Se espera, ainda, a orquestração de uma rotina de diálogos, junto aos gestores das demais pastas, para a realização dos ajustes necessário, os quais dão SENTIDO a uma administração.

Os especialistas contemporâneos em administração pública são taxativos quanto ao sucesso e/ou fracasso de qualquer governo e nisso, a secretária de planejamento tem razão: sem planejamento, a gestão fica vazia de propósitos e sem uma adequada arquitetura de gestão, o planeamento é inócuo. Fica a dúvida sobre as reais insatisfações da Secretária, tendo em vista que a sua unidade de governo é, por excelência e norma, a protagonista dos problemas por ela identificados no governo.

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