As repercussões sobre a saída do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, do cargo, após demissão comunicada por ele mesmo nesta sexta-feira (24), também atravessou a classe política do Acre, quando as divergências sobre o assunto também foram marcantes e variadas.
Durante a coletiva, Moro agradeceu ao presidente pelo tempo em que permaneceu à frente da pasta e comunicou supostas irregularidades no governo, que de acordo com o jornal Folha de São Paulo, serão analisadas pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
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O governador Gladson Cameli parabenizou o ministro pelo trabalho desenvolvido e agradeceu pelo que fez pelo Acre no período em que esteve respondendo pela pasta.
“O Acre nunca esquecerá da sua atenção, carinho e respeito para com a nossa gente. Obrigado a Sérgio Moro. Toda nossa gratidão pelo apoio que concedeu ao nosso estado e a visita que fez ao nosso povo, que traz em seu peito toda admiração e honra por Vossa Excelência. A luta continua!”, comentou.
Para o ex-senador da República e ex-governador do Acre, Jorge Viana, a situação mostra que fica evidente que o presidente cometeu vários crimes de responsabilidade.
“Bolsonaro demite Moro, mas o ex-ministro da Justiça sai atirando e detona Bolsonaro. Fica evidente que o presidente cometeu vários crimes de responsabilidade. Tudo isso no meio de uma grave pandemia! Pobre Brasil…. pobre povo brasileiro!”, escreveu.
Bolsonaro demite Moro, mas o ex-ministro da Justiça sai atirando e detona Bolsonaro. Fica evidente que o presidente cometeu vários crimes de responsabilidade. Tudo isso no meu de uma grave pandemia! Pobre Brasil…. pobre povo brasileiro!
— Jorge Viana (@jorgeviana) April 24, 2020
A ex-ministra do Meio Ambiente, acreana e ex-senadora pelo Acre, Marina Silva, foi ainda mais incisiva, quando disse que o “rei está nu”, ao se referir a Bolsonaro. Marina também classificou as intensões do presidente como “perversas”.
“O “rei” está nu. Ele agora exibe a sua completa nudez da mínima vestimenta republicana, e a sua máscara moralista acaba de ser publicamente arrancada”, pontuou. “A vontade do presidente em transformar a Polícia Federal em uma polícia política, com acesso privilegiado a relatórios de investigação, assim como a publicação do nome do Ministro da Justiça na exoneração do Diretor da PF que ele não assinou, revelam suas intenções perversas”, finalizou.
A vontade do presidente em transformar a Polícia Federal em uma polícia política, com acesso privilegiado a relatórios de investigação, assim como a publicação do nome do Ministro da Justiça na exoneração do Diretor da PF que ele não assinou, revelam suas intenções perversas.
— Marina Silva (@MarinaSilva) April 24, 2020
O atual senador do Acre pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), Marcio Bittar, lamentou a saída de Moro, mas disse que segue defendendo o governo, explicando que existem somente dois lados neste momento de crise que o Brasil enfrenta: o lado dos que flertam com a esquerda e o lado que ele está.
“A desistência de Sérgio Moro é lamentável, mas não muda meu apoio ao governo federal. Estamos vivendo um momento em que só existem dois lados, como uma guerra, por exemplo. O meu lado não é o daqueles que flertam com a esquerda. Eu não sinto nenhuma atitude do Bolsonaro que possa merecer uma crítica tão séria, como as que receberam aqueles que usurparam do poder”, comentou.
Pelo mesmo partido, o deputado estadual Roberto Duarte, que também é a favor do governo Bolsonaro e foi um dos seus apoiadores de campanha, fez um discurso parecido, mas comentou que espera não perceber, com a saída do ex-juiz federal, nenhuma interferência no combate à corrupção.
“Infelizmente, o senhor Sérgio Moro decidiu deixar o cargo de Ministro Ministério da Justiça e de Segurança Pública por circunstâncias pelo que ele mesmo classificou de interferência política do Presidente Jair Bolsonaro na sua pasta, com a exoneração do Diretor Geral da Polícia Federal, que era de sua inteira confiança e indicação pessoal de Moro. A saída de Moro é uma grande perda para o Governo Federal e para o País. Tenho certeza que o tempo que esteve no governo procurou fazer o melhor possível para o nosso país, no combate ao crime organizado e todo tipo de corrupção. Espero que sua saída não enfraqueça a luta contra a corrupção, especialmente no âmbito da Lava Jato e do combate ao tráfico de drogas no Brasil”, disse.
Do Partido Comunista Brasileiro (PCdoB), o deputado estadual Edvaldo Magalhães disse que Moro é um delator. Quando, ironicamente, algumas postagens no Twitter começaram a circular com a informação de que o ex-ministro agora estava categorizado como comunista, o marido de Pérpetua Almeida logo retweetou (compartilhou) uma das publicações: “Indo providenciar minha desfiliação. Não tenho condições de conviver com tantos novos comunistas. Chega!”.
Indo providenciar minha desfiliação. Não tenho condições de conviver com tantos novos comunistas. Chega! https://t.co/LRWQYyt6iM
— Edvaldo Magalhães (@EdvaldoAcre) April 24, 2020
Também no cenário federal, o deputado Alan Rick (DEM), representando o Acre na Câmara dos Deputados, comentou o assunto, afirmando que Moro é o ministro mais popular e mais querido do governo e que sua saída é péssima para o Brasil.
“O Brasil perde com a saída do Ministro. O momento é de união dos poderes para encontrar soluções para a crise econômica que virá na esteira dessa pandemia. A saída do ministro mais popular e querido do governo é péssima para o país”, enfatizou.
O ex-governador do Acre, Tião Viana (PT), fez um comentário mais breve, com poucas palavras e uma foto de ilustração, quando publicou: “Moro fará DELAÇÃO PREMIADA?!”.
https://twitter.com/tiao_viana/status/1253739563459239938