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Grupo de mulheres do AC se unem contra contratação do goleiro Bruno: “É um desrespeito” 

Por SAIMO MARTINS, DO CONTILNET

A repercussão da contratação do goleiro Bruno Fernandes ao Rio Branco continua, desta vez, em nota denominada de ‘Mulheres do Acre’, mulheres de vários segmentos acreanos, decidiram repudiar a sua vinda ao Estrelão.

A nota divulgada pela ex-diretora da prefeitura de Rio Branco, Socorro Camelo, diz que o clube não está respeitando a dor da família de Eliza Samudio. “É um desrespeito com as vítimas do machismo, da misoginia e do feminicídio”, diz trecho.

Manifesto das Mulheres do Acre contra a contratação do feminicida Bruno

Nós, mulheres do Acre, estamos vindo a público manifestar o nosso repúdio ao Rio Branco Futebol Clube pela contratação do feminicida goleiro Bruno Fernandes.

Não podemos supor que se trate de algo diferente de uma afronta, de um escárnio para com a sociedade acreana e para com a luta das mulheres. É um desrespeito com as vítimas do machismo, da misoginia e do feminicídio. Um desrespeito, também, com a família de Eliza Samúdio que, até hoje, não pôde velar o seu corpo.

Para iniciar uma remissão de verdade, Bruno deveria no mínimo revelar onde está o corpo de Eliza, dando, assim, uma oportunidade de seus parentes dar-lhe um enterro decente e prestar-lhes as homenagens que desejarem a uma mulher que foi morta porque reivindicava seus direitos e de seu filho.

Todos os dias, mulheres diversas sofrem os mais distintos tipos de violências inimagináveis, bem como Eliza que reivindicava o direito basilar de pensão alimentícia.

É uma afronta e um escárnio, sim, o Rio Branco tomar tal decisão em um estado que tem um dos mais altos índices de crimes de violência contra a mulher, segundo os dados do Monitor da Violência.

Se torna afrontoso e  vergonhoso que um time  acreano  se mostre distanciado das causas e das lutas das minorias e se submeta à execração pública, à repulsa de seus próprios torcedores e à condenação da sociedade em que está inserido. Isso nos faz retornar aos tempos no qual o Acre era o local para onde eram enviados sujeitos rejeitados no Sul-Sudeste, os desterrados de 1904 e 1910. O Acre, assim, continua sendo apresentado como um lugar para aqueles que não são bem vindos lá.

Sobre o futebol, lembramos que esse esporte forma ídolos de crianças, jovens e adultos, o que torna inconcebível que crianças  admiradoras de  seus atletas possam, em algum momento, ter como ídolo o  Goleiro Bruno como pretende o histórico time  que, com essa contratação, venha  projetar esse homem como líder para sua torcida.

Não estamos aqui defendendo que Bruno não tenha direito à ressocialização, a um trabalho que garanta o sustento na sua retomada pelo caminho do bem, dentro dos preceitos legais que a sociedade exige. Não! Não é isso. Bruno pode e deve trabalhar, mas não em posição de destaque dentro do futebol. Não numa posição que possa destacá-lo como ídolo, como herói de uma torcida. Heróis se pautam pela justeza, pela ética, pelo respeito aos direitos humanos.

Neste momento de indignação, nós, mulheres dos movimentos sociais organizados, nos juntamos à demais instituições da sociedade civil, dirigidas e apoiadas por homens e mulheres, torcedores e instituições democráticas legalmente constituídas, para EXIGIR que a diretoria do Rio Branco Futebol Clube reveja, IMEDIATAMENTE, a decisão da contratação do Goleiro Bruno.

EXIGIMOS, ainda, que sua diretoria venha a público, diante da sociedade e de sua valorosa torcida, pedir desculpas pela afronta que fez. EXIGIMOS ainda uma manifestação dos patrocinadores, pois como consumidoras, não aceitaremos que empresas locais das quais somos clientes, patrocine esse tipo de iniciativa.

Finalizando, a título de pedido, queremos que o Rio Branco Futebol Clube dê o exemplo ao Acre, ao Brasil e ao Mundo, acrescentando em seu estatuto a decisão de não mais contratar homens condenados por crimes contra mulheres.

Rio Branco, 27 de julho de 2020

 

Assinam:

IMA/Instituto Mulheres da Amazônia

MAMA/Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia

AMB/Articulação de Mulheres Brasileiras

UBM/Uniao Bradileira de Mulheres

CEDIM/Conselho Estadual dos Direitos das Mulheres

SITOAKÖRE- Organizacao de Mulheres Indígenas do Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia

ADUFAC

MMC/Movimento de Mulheres Camponesas

ABMCJ/Associação Brasileira de Mulheres de Carreira Juridica – Comissão do Estado do Acre

CEDDHEP/Centro de Defesa dos Direitos Humanos e Educação Popular – Acre

Associação das Mulheres Negras do Acre

ASDAC/Associação de Dança do Estado do Acre

REMUT- Rede de Mulheres de Tarauacá

ABORDA – Associação Brasileira de Redução  de Danos

Madge Porto – Professora universitária e Pesquisadora

Letícia Helena Mamed – Professora universitária e pesquisadora

Raquel Lima, antropóloga

Prof. Dr. Daniel da Silva Klein. Área de História/UFAC

Luciane Patrícia Yano – docente da Ufac

Gegt Acolher/Grupo de estudos em Gestalt-terapia do Acre

Rodrigo Forneck- Vereador de Rio Branco

AJEB/Associação de Jornalistas e Escritoras Brasileiras, seção Acre

Maria Liliane Gomes dos Santos – Professora e pesquisadora

Vanessa Generoso Paes

Associação   Agá & Vida

Maíra Menezes Bezerra Araújo, feminista, membro do Bate Papo Feminista

Valéria Santana da Silva – estudante, professora, jornalista, apresentadora do Programa Mulherio e membro do Bate Papo Feminista

Paula Lima Romualdo- zootecnista e indigenista

Camila Bylaardt Volker – UFAC

Grupo Vivarte

Federação de Teatro do Acre – FETAC

Grupo Aguadeiro

AsAguadeiras

Marilia Bomfim – Arte-educadora

Cia Visse e Versa

Maria Emília Coelho – jornalista e indigenista

Malu Ochoa – arqueologa.e indigenista

Coletiva Teatral Es Tetetas

Talita Oliveira, comunicadora social

Flávia Dinah Rodrigues de Souza- engenheira florestal especialista-sema/ac

Valéria Pereira da Silva- Assistente Social

Coletivo Tempo de Teatro

Companhia de Teatro Expressão

Arthur da Silva Dias, ator e médico

Jocilene de Oliveira

Barroso, atriz e diretora

Laura de Lys Guimarães Maia, professora

Veriana Ribeiro Alves, feminista e jornalista

Coletivo Elas que lutam do Sinasefe- IFAC

Giulle do Nascimento e Silva – Professora

Maria Ludmila Thome Rodrigues – Bióloga

Amanda Marques Dornelles –  aluna de Ciências Sociais, UFAC

Bruna Lima de Souza –

Feminista, membro do Bate Papo Feminista

Naluh Maria Lima Gouveia – Conselheira do TCE.

Aquésia Maciel -Professora

Anne Christine Moura do Nascimento – Jornalista

Francis Mary Alves de Lima, poetisa

Jackie Pinheiro – jornalista

Nilce Souza, radialista e apresentadora do programa MulheRio

Vera Olinda Sena de Paiva – professora e indigenista

CRP/Conselho Regional de Psicologia) 24 – Seção  Acre

Daniel Zen -Deputado Estadual

Thor Dantas – Médico e Professor da  UFAC

Cassiano Marques – Advogado, empresário,  sócio e membro do conselho da administração do Rio Branco Futebol Clube

ABRAJET/Associação Brasileira de Jornalistas em Turismo

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