A empresa que gerencia os empréstimos consignados dos servidores do estado, a Fênix Soft, de Manaus, que tem como um de seus serviços o cartão de crédito AvanCard, tem sido o mais novo ponto de tensão entre o governador Gladson Cameli (sem partido) e o vice Wherles Rocha (PSL).
No último sábado (3), o major rebateu os comentários de Cameli, veiculados na mesma data pelo ContilNet, acerca das críticas que o vice-governador já havia feito ao cartão. Desta vez, Rocha foi ainda mais duro e chegou a insinuar que o governo estaria mais interessado em defender a empresa do que os servidores públicos.
“Meu interesse é proteger a parte mais frágil dessa relação contratual, os nossos servidores públicos. Entendo que essa preocupação deveria ser compartilhada por toda a equipe de governo mas, pelas reações, parece que o interesse é proteger a empresa e sua reserva de mercado”, afirmou.
No último 30 de setembro, Rocha já havia colocado em suspeição a empresa Fênix, que tem contrato com o governo, e prometeu acionar o Ministério Público do Estado (MPAC). Ele criticou a taxa de juros de 5,5% e suposta manobra, por meio do AvanCard, para burlar o limite de 35% de comprometimento do salário do servidor do estado em empréstimos.
Rocha não perdeu tempo. “Lamentáveis as insinuações de que eu teria interesses obscuros, quando dos meus questionamentos ao assédio praticado pela empresa Fênix em desfavor dos servidores públicos”, escreveu em seu perfil no Facebook. “Se há algum interesse obscuro, e acredito que até pode haver, encontraremos ele em quem escolheu essa ou aquela empresa, em quem celebrou o trato ou destrato”, continua.
O vice-governador criticou a “insistência” da empresa em enviar SMS com “ofertas tentadoras”, sobretudo em tempos de crise econômica por conta da pandemia de covid-19.
“Se para uns a crise é ruim, para outros abre-se um cenário de oportunidade. Pensando em ‘auxiliar’ os servidores que precisam de empréstimo neste período difícil, a Avancard oferece-se como única opção de novos empréstimos, algo parecido com uma agiotagem oficializada. Muitos ainda devem cair nessas ofertas ‘tentadoras’ e quando perceberem poderão estar imersos em dívidas das quais será difícil sair”.