Em BH, restaurante com nome de cidade acreana é destaque da culinária mineira

Há quem diga que o acreano – nativo ou quem passou por aqui e bebeu águas do Acre – é um ser saudoso de sua terra, sua gente e de sua culinária. A ser verdadeiro isso, acreano ou alguém que passou por aqui e esteja em Belo Horizonte, a capital de Minas Gerais, e sentir alguma saudade do Acre, poderá, sim, matar ou diminuir o sentimento indo ao Restaurante Xapuri, localizado na rua Mandacaru, bairro Trevo-Pampulha.

Mas o saudosista que pedir um tacacá, baixaria, quibe de arroz ou outra iguaria típica da cozinha regional ou acreana vai se decepcionar. Apesar do nome familiar aos acreanos, o restaurante serve a legítima comida mineira na cidade do país que tem, apontam historiadores, o maior número de bares e restaurantes do país. Catalogados, Belo Horizonte conta, atualmente, com cerca de 12 mil bares em pleno funcionamento, segundos dados divulgados pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas Gerais (Abrasel-MG). O número faz de BH a capital brasileira dos botecos.

E no meio de tamanha profusão de bares e restaurantes, o nosso Xapuri, entre 4.893 estabelecimentos avaliados, com os rigores da própria Abrasel, ocupa o destacado número de 25 lugar em qualidade de sua legítima comida mineira.

E por que então, no coração de Minas Gerais, há um restaurante cujo nome é originário do tupi-guarani e que daria nome a uma tribo indígena do coração da Amazônia, onde eclodiu, em 1903, a chamada revolução Acreana que culminaria com a conquista do Acre como território brasileiro, após ser tomado dos bolivianos? Aliás, Xapuri dá nome a um dos mais antigos municípios do Acre e tem origem no vocábulo indígena “Chapury”, que significaria algo como “rio antes” – evocação ao fato de sua localização ser exatamente numa posição de encontro de dois rios: o Xapuri, (que deu nome à cidade), e o Rio Acre, formando um só.

Xapuri deve ser uma das cidades mais famosas do mundo por ser berço e sepulcro do sindicalista Chico Mendes, assassinado em dezembro de 1988 e cuja morte colocou a pequena cidade amazônica no centro do mundo. A população estimada pelo último censo (feito em 2020) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na cidade é 19.596 pessoas e, na época em que Mendes foi morto com um tiro à queima roupa, no peito direito, tinha pouco mais de 5 mil almas.

Mas o restaurante com o nome da cidade que ficaria famosa já existia, antes disso, explica a fundadora da propriedade, Neuza Trombino. Ela própria conta na apresentação do restaurante que escolheu o nome em uma pesquisa que dava o significado de Xapuri a “rio manso”, em 1987 – portanto, um ano antes da morte do sindicalista.

Com a repercussão nacional e internacional em função da morte de Chico Mendes, segundo a proprietária, o nome acabou “colando” e hoje, no coração de Belo Horizonte, apesar do cheiro de outros ingredientes e produtos diferentes da culinária local, o restaurante Xapuri pode ser uma doce referência de corações acreanos saudosos.

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Em BH, restaurante com nome de cidade acreana é destaque da culinária mineira