18 de abril de 2024

Crise hídrica é desafio ‘seríssimo’ que levará ao aumento da inflação no curto prazo, diz Guedes

O ministro da Economia, Paulo Guedes, reconheceu nesta sexta-feira (25) que a crise hídrica é um desafio “seríssimo” que levará ao aumento da inflação no curto prazo. Porém, ele ponderou que espera que em 2022 a situação esteja normalizada, com a inflação convergindo para o centro da meta.

De acordo com o governo, o volume de chuva registrado desde outubro de 2020 é o menor dos últimos 91 anos (veja mais abaixo). Em maio, uma sala de crise foi criada e o governo passou a discutir um plano de ações para preservar água nos reservatórios das principais hidrelétricas e, com isso, evitar o risco de escassez de energia.

“O ministro Bento [Albuquerque, de Minas e Energia] nos garante que racionamento não haverá, que ele vai conseguir prover [energia] pelo menos para que não haja racionamento. Mas há o outro lado, que é o impacto, a inflação. Subiu o custo da energia, tudo isso. Nós reconhecemos: é um desafio seríssimo, é um impacto inflacionário”, afirmou Guedes durante audiência na comissão do Senado que acompanha as ações do governo no combate à pandemia.

Inflação

Ele afirmou que a inflação deve atingir 5,5% a 6% até o fim do ano. O centro da meta de inflação deste ano é de 3,75%. Pelo sistema vigente no país, será considerada cumprida se ficar entre 2,25% e 5,25%.

Com isso, pela projeção do ministro, a inflação deve estourar o teto da meta neste ano, o que obrigaria o presidente do Banco Central a prestar esclarecimento público dos motivos. Para 2022, o centro da meta é uma inflação de 3,5%.

“Nós já vamos levantar as bandeiras [tarifárias] agora. A inflação sobe um pouco agora, mas a gente espera que o ano que vem já tenha normalizado tudo, com a garantia do nosso ministro Bento de que não será necessário chegar à situação do racionamento”, explicou.

Crise hídrica

Um dos motivos para a disparada da inflação neste ano é a crise hídrica, a pior dos últimos 91 anos, resultado de um baixo volume de chuvas na região dos reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste, que respondem por 70% da geração de energia no país.

Com isso, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) está sendo obrigado a acionar as usinas termelétricas para garantir o fornecimento de energia neste ano. As térmicas, porém, são mais poluentes e caras, o que eleva o custo de geração de energia.

Esse custo é repassado para o consumidor através das bandeiras tarifárias aplicadas à conta de luz. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deve anunciar na próxima terça-feira (29) o reajuste das tarifas das bandeiras, o que trará um impacto também no valor final da conta de luz dos consumidores.

Usina de Belo Monte

Durante a audiência no Senado, o ministro da Economia afirmou que a crise hídrica não é recente, mas que no passado foram construídas usinas hidrelétricas, como a de Belo Monte (MG).

“Ela [a crise hídrica] já vem há muito tempo. Nós fizemos várias obras. A hidrelétrica de Belo Monte, por exemplo, tem baixo potencial de criação de energia, porque ela foi feita com espelho a fio d’água [sem reservatório de água]. Então, ela acabou sendo uma obra que não trouxe o mesmo potencial, porque ela foi feita numa região onde há necessidade de proteção ambiental, etc. Então, ela tem um potencial menor”, lembrou.

A usina de Belo Monte gera energia a partir da água da bacia do Rio Xingu. Porém, como não tem reservatório próprio e depende da água que vem direto da bacia, não consegue gerar energia ao longo de todo o ano. O reservatório não foi construído para diminuir o dano ambiental.

“Quem fez essa crise hídrica foi de um lado o mau tempo, de outro as decisões políticas que deixaram a coisa chegar assim até aqui”, reclamou Guedes.

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