Com um ano de atraso por causa da pandemia e forte rejeição popular, Tóquio abre oficialmente nesta sexta-feira (23/7) os Jogos Olímpicos às 8h sob o temor de uma possível explosão de casos de Covid-19 na cidade. Nos dias que antecederam a cerimônia de abertura, a capital japonesa viu a média móvel de infecções pelo vírus crescer mais de 55% em relação à semana anterior, mesmo com a cidade em estado de emergência.
Apesar das constantes ameaças de cancelamento, o governo japonês e o Comitê Olímpico Internacional (COI) garantiram a realização do evento em meio à pandemia com várias alterações em relação ao planejamento inicial. A principal delas é o veto à presença de torcedores nas competições em Tóquio e outras províncias, algo inédito na história olímpica.
Esse ponto, inclusive, é um dos catalisadores do movimento de oposição aos Jogos entre os moradores da capital japonesa, como conta Emi Ohno Kibe, de 20 anos. “Muitos criticam o governo por decretar estado de emergência, impedir que as pessoas possam ingerir bebida alcoólica nos bares depois das 7 da noite, mas permitir a realização da Olimpíada com milhares de pessoas vindas do exterior. Sem contar que a proibição de torcida nas arenas acabou gerando ainda mais confusão, porque é válida somente para os Jogos. Eu, por exemplo, fui em uma partida de beisebol do campeonato local no fim de semana com a presença de torcedores nas arquibancadas”, diz a estudante de administração da FGV, que trancou a faculdade no Brasil há três meses para morar em Tóquio, onde atualmente faz estágio em uma empresa de energia renovável.
A realização da Olimpíada virou motivo de preocupação até para a Organização Mundial de Saúde (OMS), que reconheceu na quarta-feira não ser possível reduzir o risco de disseminação do coronavírus a zero durante o evento. Para a entidade, o rígido protocolo definido pelos organizadores será “colocado à prova” durante o torneio.
A situação da pandemia em Tóquio é delicada. O governo metropolitano confirmou na quarta-feira 1.832 novos casos de infecções, no maior registro para um único dia desde 16 de janeiro. Em comparação com a quarta-feira da semana anterior, a contagem diária aumentou em 683 casos.