De volta ao passado: amigos de juventude se encontram 40 anos depois, em Cruzeiro do Sul

Cabelos brancos, alguns com visíveis sinais de cansaço frente às lutas da vida, mas alegres e felizes pelo reencontro 40 anos depois, um grupo de amigos do Bairro da Gia, localizado na área central de Cruzeiro do Sul, se encontraram, no último final de semana, para relembrarem a infância de muitas brincadeiras e muito futebol. Para matar a saudade dos tempos de futebol de várzea, aliás, os amigos, a maioria já beirando os 60 anos ou mais de idade, resolveram formar dois times: o primeiro, com jogadores do bairro que foram embora de Cruzeiro do Sul contra o time dos que permaneceram morando na cidade, inclusive no mesmo bairro. O Placar? Foi de 5 a 1 para o time das pessoas que permaneceram em Cruzeiro do Sul.

O encontro dos amigos se encerrará neste domingo (15), dia também do encerramento do novenário em honra de Nossa Senhora da Glória, padroeira da cidade. Além de uma das maiores festas religiosas da região Norte, o novenário de Nossa Senhora da Glória serve para isso: para a congregação dos amigos e de moradores da cidade que foram morar em outras regiões, até mesmo no exterior, e que, por ocasião do novenário, retornam para reencontrar familiares e amigos.

Com os antigo moradores do bairro da Gia não poderia ser diferente. Eles se encontraram não só para jogar futebol – ou ao menos tentar, mas também para jogar conversa fora e lembrar as maquinações e brincadeiras próprias da juventude. São muitas histórias, a maioria relacionadas ao futebol, já que o Gia foi o bairro que mais jogadores de futebol gerou em Cruzeiro do Sul, muito deles chegando inclusive à seleção do município e ao esporte profissional.

O encontro teve início com uma carreata pelas ruas do bairro, lideradas pelos “Amigos da Gia”, com parada final no bar de sempre, o mais tradicional do bairro, pertencente ao comerciante conhecido como Bil, que era uma espécie de parada obrigatória de todos e ponto inicial daqueles que iriam enveredar pela vida boêmia.

Uma bia história, a propósito, é que o bairro, oficialmente, se chama João Alves, em homenagem a um dos primeiros carteiros do município. Mas, para quem nasceu ou viveu ali, é Gia, nome que se aplica a fêmea de um pequeno tipo de sapo, abundante na região. “Aqui nessa área havia um igarapé e quando se preparava para chover as jias passavam a noite cantando. Um senhor de nome Hugo Lopes, gerente da antiga Casa Pernambucana, que morou na parte de cima do bairro ouvia o som e apelidou de bairro da Gia. O nome pegou e ficou, apesar do tempo”, conta o aposentado Mário Façanha da Costa, de 67 anos, um dos mais antigos moradores do local.

O nome dado pelo antigo morador foi grafado de forma errada, já que a fêmea do sapo é designada pela letra J. Errado ou não, o nome pegou. Os amigos do lugar estão se preparando para um novo encontro, não se sabe quando. O certo é que, se esperarem por mais 40 anos, muitos da atual geração vão faltar.

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