Ativista animal do AC publica suposto abandono de cadela e possível dono aparece questionando postagem; caso viraliza

“A cadelinha tem ou não tem dono?”. Esta foi a discussão que embalou as redes sociais na última quarta-feira (22) em Rio Branco (AC). Após a repercussão de um pedido de ajuda, feito pela advogada e ativista animal, Anna Iza Moreira, a respeito de uma cachorra que estava supostamente abandonada, o dono do animal apareceu e revelou que a informação era caluniosa e que ela não estava em situação de abandono.

Para quem ainda não entendeu a situação, a história começa assim: a advogada em questão publicou em suas redes sociais, no último dia 21 de agosto, um suposto abandono de uma cadela, que estava em frente a uma residência localizada nas proximidades da Cidade da Justiça. O caso gerou comoção geral e, em questão de horas, obtiveram centenas de compartilhamentos.

Nos stories do Instagram, Anna disse que já havia até conseguido um lar para a cadela. “Estou falando com algumas pessoas que se interessaram em adotá-la. Espero que dê certo e que amanhã seja um novo dia pra ela, que ela ache um lar com muito amor e não sofra novamente a dor do abandono”.

No entanto, uma reviravolta inesperada aconteceu na história que se encaminhava para ter um desfecho: o suposto dono do animal aparece, entra em contato com a advogada e diz que a cadela em questão não estava abandonada, e que ainda iria denunciá-la por ter espalhado informação inverídica.

VERSÃO DA ADVOGADA

Contactada pela redação do Contilnet, ela afirmou que averiguou a situação duas vezes antes de publicar, justamente por já ser envolvida na causa animal há algum tempo, e por saber que existem pets que saem de casa sem o dono ver.

“Choveu bastante neste dia (21), fui ao local pegar doação de roupas que uma vizinha (deles) iria doar para ajudar na causa animal. Quando cheguei lá, achei estranho a cachorra do lado de fora. Saí, voltei de noite para pegar os itens que a moça havia separado. Estava uma escuridão infinita e a cachorra estava no mesmo lugar, encolhida, querendo entrar. E eles estavam em casa”, falou.

Segundo a ativista, tinha uma casinha do lado de fora da residência onde a cadela estava. Ao perguntar para os vizinhos, ela descobriu que os supostos donos estariam de mudança e que eles haviam comentado com o marido dela que não levaria a cachorra em questão, uma vez que eles têm outra de porte menor, filha desta.

“Ela (vizinha) me mostrou as câmeras de segurança e foi na terça-feira à tarde que ele colocou a casinha dela para fora. Como dois dias antes ele havia falado que não levaria a cachorra, percebemos que ele havia feito isto para ver se ela se acostumava novamente a ficar na rua, na casinha dela. Coincidentemente, só estava (na rua) a cachorra que ele disse que não ia levar. Coincidentemente, só colocou para fora uma das casinhas”, destacou.

“NUNCA IMAGINEI QUE DARIA ESSA REPERCUSSÃO TODA”

Anna disse também que, ao tentar contato, viu que as luzes estavam acesas e que os moradores estavam em casa. Desta maneira, ela chamou e não obteve sucesso na investida. A cachorra que estava do lado de dentro latiu e, logo, a que estava na rua foi ao portão, aparentemente desejando entrar.

“Fiquei indignada, então decidi postar um pedido de ajuda para achar um lar para ela. Só que nunca imaginei que daria essa repercussão toda. No dia seguinte, o vizinho (dele) entrou em contato com o ‘tutor’ da cachorra, explicou a situação de que havia uma moça interessada em adotá-la, e ele respondeu ‘ah, ok, vou falar com a minha esposa’. Respondeu tranquilo”, disse.

Só que o referido caso de suposto abandono tomou proporções maiores, com centenas de compartilhamentos, e chegou até o grupo de moradores do bairro que, de pronto, quiseram colaborar com a divulgação.

“Ele não gostou, obviamente, principalmente de ter sido exposto, embora eu jamais tenha dito nada sobre ele, nem nome, nem telefone, nem endereço. Então ele entrou em contato comigo, me ligou e eu não atendi. Mandei mensagem respondendo, e foi então que ele respondeu que era o dono, que eu tinha divulgado uma informação inverídica, que ele nunca quis dar a cachorra, que nunca abandonou e que não ia leva-la, mas que conversou com a esposa e estavam fazendo passeios com as cachorras e que (decidiram que) iriam leva-las sim”, contou.

“ELE ACHA NORMAL DEIXAR O ANIMAL NA RUA”

Segundo ela, que afirmou ter respondido com cordialidade ao rapaz, disse que tinha uma família que estava interessada e que ela teria um excelente lar. “Falei que eu não ia denunciá-lo e que só queria o bem do animal. Ele acha normal deixar o animal na rua, disse que não acorrenta animal, que elas são livres, sendo que passa muito carro e moto, e ela corre atrás de moto, em tempo de causar acidentes”.

Anna, por fim, falou que ele disse que tinha deixado a casinha do lado de fora para que alguém interessado levasse. O ContilNet teve acesso às mensagens mandadas por ele, que diziam o seguinte: “Estamos indo na delegacia fazer um boletim de ocorrência por injúria, calúnia e difamação […] nossas cachorras não estão abandonadas e nem estão passando necessidades, pelo contrário, são bem amadas e cuidadas. Não há nenhum animal para adoção”.

“Mas só tinha uma casa na rua e só tinha uma cachorra na rua e, coincidentemente, (era) a cachorra que ele disse ao vizinho que não levaria. Ele disse que não quer dar o animal, que vai leva-la. Falou primeiro que a cachorra vivia na rua e que ia na casa (dele) comer. Depois falou que a cachorra era dele e que ele amava (ela)”, disse Anna.

VERSÃO DO DONO DO ANIMAL

A reportagem do ContilNet entrou em contato com o suposto dono do animal, que preferiu não se identificar, mas que aceitou dar sua versão dos fatos. Ele contou que a história circulada na web é inverídica e que convive com a cachorra, o qual recebe o nome de “Pipoca”, desde 2019, quando se mudou para a casa em que mora atualmente.

Segundo ele, ela era uma cadela de rua, que chegou a procriar em 2019. Um destes filhotes foi adotado por ele e, como a mãe precisava amamentar, ela acompanhou, mesmo ainda não sendo oficialmente adotada. “Ela passou a morar com a gente. Nós criamos um laço de afinidade, mas com uma única diferença. Como Pipoca sempre viveu na rua, ela não consegue ficar presa dentro de casa por muito tempo. Ela tem que dar a saidinha diária dela pelo condomínio”.

O rapaz complementou ainda que, mesmo ela dando as voltas rotineiras pelas ruas, ela fica como “uma espécie de vigia”, se relutando a entrar até cansar. “Isso é rotina dela há três anos. Essa coisa que dizer que os donos abandonaram é conversa”.

“ESSA CONFUSÃO QUE ELA CRIOU, ELA VAI TER QUE DESFAZER”

Sobre o fato de a casinha ter ficado na calçada, ele disse que era porque estavam fazendo uma limpeza no quintal para esvaziar e entregar ao próximo morador. Além disto, afirmou que levará as cadelas para a mudança a outro estado em um veículo que adaptou justamente para isto. “Quando ela viu que a cachorra estava na chuva e viu a casinha, criou-se toda uma história de que ela tinha sido abandonada […] se ela queria aparecer, apareceu. Só que com uma história inverídica, uma fake news”.

Indagado se ele realmente entraria com processo na Justiça por calúnia e difamação, ele disse que não tem tempo para isso, visto que está de viagem marcada. “Eu não quero confusão, só que essa confusão que ela criou, ela vai ter que desfazer pois ela ganhou fama com essa história. Ela vai ter que dizer a verdade […] temos um grupo de moradores do loteamento, e quando começaram a postar, e nas fotos tem a porta da minha casa, da minha cachorra e da casinha que colocamos para ver se alguém iria levar, eu me revoltei”.

Ele finalizou dizendo que nunca houve registro de acidentes causados pela cachorra, e complementou que entrou em contato com ela quando soube da divulgação massiva, afirmando que não tinha nenhum animal disponível para adoção na porta da casa dele.

“Lá no bairro mesmo, se ela quiser para adoção, tem mais de 10 animais soltos que vivem ali abandonados. Por que que tem ser a nossa? Ela tem que desfazer essa história e, no mínimo, se retratar pedindo desculpas por ter criado uma confusão. O bairro ficou em uma situação desconfortável porque os moradores tiveram que ouvir um desabafo meu que não tinham que estar ouvindo. Ela tem que procurar uma atividade que não seja essa de perturbar a vida das pessoas”.

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