20 de abril de 2024

‘Pet que não dá trabalho’: abelhas sem ferrão fazem sucesso entre crianças em MS

“É um pet que não dá trabalho”, brinca Beatriz Branco. Desde os 2 anos de idade, a empresária cuida com carinho de uma caixa de abelhas da espécie Jataí e, apesar do mel ser comestível, jura que nunca coletou nem um pouquinho, tudo para manter a casinha delas intacta e protegida, em Campo Grande.

“Ela é totalmente segura, é uma abelhinha boazinha, não vai fazer nenhum mal para você, mas faz bem para a sua residência e para o meio ambiente”, explica. 

As abelhas de Beatriz foram um presente de um tio veterinário, que a empresária acabou cuidando por mais de três décadas. “Eu sempre a levei comigo. Agora, ela está aqui na Casa Angí [empresa de Beatriz]. Só quando eu fiquei um período morando fora para fazer faculdade e trabalhar, que ela ficou com meus pais. Eles têm um espaço bacana para elas”, conta a empresária, que atua no ramo de chocolates artesanais.

Foi pensando nessa experiência com as abelhas que Beatriz decidiu vender pequenas colmeias no espaço. “Não foi algo planejado, mas quem mais compra são os pais, justamente para darem de presente para as crianças”, conta.

É o caso da professora de direito penal, Juliana Medina de Aragão, que comprou uma pequena colmeia para o filho, João Eduardo Medina de Aragão, de 11 anos. “Nós fomos e compramos essa caixinha de abelha e estamos cultivando aqui em casa. Ele desenhou nos quatro lados da caixinha, de um lado tem uma abelha diferente, de videogame, que meu esposo utilizou a proposta para incentivar meu filho a desenhar também”, explica.

A ideia de Juliana foi justamente oferecer uma visão sustentável da natureza. Já fazem dois meses que eles estão com a colmeia e a empolgação só aumenta. “Aqui a gente incentiva muito a preservar e respeitar a natureza. Nós temos duas cachorras, 10 calopsitas, além de árvores frutíferas e outras plantas. Agora a abelhinha faz parte de tudo isso”, ressalta.

As colmeias ganham lares e novos cuidadores por Campo Grande. — Foto: Arquivo pessoal

As colmeias ganham lares e novos cuidadores por Campo Grande. — Foto: Arquivo pessoal

Quem também adorou a ideia foi os netos do seu Carlos Iracy Coelho Netto, de 62 anos. O guia turístico comprou uma colmeia para eles e agora a casa inteira se envolve no processo.

“Comprei há uma semana por aí. Eu sou guia turístico e na minha profissão, eu viajava muito para Bonito, Pantanal, e tinha uma pousada em Miranda que tinha umas 20 colmeias de abelhas. Eles sempre me ofereciam um pouco para pegar e levar, mas só pode levar a noite e como guia, eu não viajava nesse horário”, relembra Carlos.

Atuando em Campo Grande, ele acabou levando um grupo de turistas até a Casa Angí e viu as abelhas no local. “Combinei com meus netos, de 15 e 7 anos de buscar as abelhas e colocamos aqui em uma varanda super gostosa que tenho em casa. A Amanda gostou muito, quer ficar olhando o tempo todo, tirando a tampa”, ri o avô.

O neto confirma toda a história. “Ele começou a falar faz tempo aqui em casa que ele estava querendo essas abelhas. Aqui tem tartaruga, gato, quase um zoológico”, brinca Matheus Coelho Netto Puorro. “Elas são muito tranquilas, só ficam voando por aqui. A gente senta no fundo de casa e fica olhando”, complementa.

Cuidados

 

Apesar de produzir mel, alguns proprietários não o consomem. — Foto: Naiane Mesquita/g1 MS

Apesar de produzir mel, alguns proprietários não o consomem. — Foto: Naiane Mesquita/g1 MS

Essenciais para o meio ambiente, as abelhas são responsáveis pela polinização e ajudam na reprodução das espécies. No entanto, por serem sensíveis, morrem com facilidade com o avanço da urbanização e aumento do uso de agrotóxicos.

Na contramão desse processo, a criação de colmeias em casa tenta aumentar as espécies e a polinização das plantas nas cidades. Na loja da Beatriz, por exemplo, há três caixas de abelha disponíveis para compra, todas da espécie Jataí, que é nativa do Brasil e não oferece risco para seres humanos e animais.

Segundo o meliponicultor Thiago Luiz Santos da Silva, que é de Presidente Prudente, mas já trouxe colmeias para Campo Grande, Bonito, Aquidauana e Miranda, as abelhas dessa espécie são mais resistentes e fáceis de cuidar. “Como ela é uma abelha presente em todas as regiões do Brasil, ela pode ser considerada a melhor para colocar em um novo espaço, pela característica de ser mais rústica e mais resistente. A caixa deve ser colocada em um local tranquilo, normalmente em uma prateleira ou em cima de um banco, onde fique fora do alcance de outros animais e formigas”, explica Silva.

Thiago frisa que também é importante observar se no raio da casa há plantas, árvores frutíferas ou áreas de mata. “Elas andam até 800 metros em busca das plantas. Podemos olhar até pelo Google Maps para ver se há alimentos suficientes para elas. Para criar também é importante observar o conforto das abelhas, se há um espaço sombreado, fresco, com pouca incidência de vento, porque ele atrapalha o trânsito delas”, frisa.

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