Na manhã desta quarta, o presidente Jair Bolsonaro deixou o Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, depois de tratar uma nova obstrução intestinal. Desde 2018, ano que recebeu a facada na barriga, ele já passou por seis cirurgias. Desta vez, assim como a ocorrida há apenas seis meses, a cirurgia foi descartada. Mesmo assim, o caso “foi perigoso”, segundo o médico responsável pela internação do presidente, o cirurgião Antônio Luiz Macedo. Em entrevista ao GLOBO, Macedo conta o que levou à obstrução e o que deve mudar na rotina de Bolsonaro para evitar o problema.
O que causou a obstrução intestinal?
O camarão que ele consumiu na véspera. Ele não foi mastigado. No caso dele, não mastigar muito bem os alimentos, aumenta o risco do problema.
Desde 2018, quando levou a facada, o presidente tem sido internado com obstruções intestinais com frequência. O que ele deveria fazer para evitar esse tipo de complicação?
Caminhar absolutamente todos os dias. Meia hora de manhã, meia hora de tarde. Isso melhora o peristaltismo intestinal (os movimentos involuntários realizados pelo órgão que facilitam a digestão) e deverá ser feito para sempre. Deve mastigar 15 vezes os alimentos também.
O que ele não deve fazer?
Tem que evitar alimentos como carne, castanha de caju e amendoim, que formam um bolo que passa com mais dificuldade pelo intestino. Deve também evitar subir em caminhões ou lugares altos. Se o impacto de uma queda atingir a região fragilizada, que é o lado esquerdo na altura do umbigo, pode romper o intestino.Nesta semana especialmente os cuidados têm de ser ainda maiores. Aconselhei a dona Michelle (Michelle Bolsonaro) a botar um cadeado na moto dele. Não pode fazer força também por um bom tempo — a força pode fazer o abdome torcer.
Hoje, logo depois da alta hospitalar, Bolsonaro disse que “vai ser difícil seguir” a dieta recomendada. E se ele não seguir?
O risco de nova obstrução é considerável.