Confiança do comércio encerra trimestre em queda, aponta Confederação Nacional do Comércio

A confiança do comerciante recuou 1,3% em março, mantendo a tendência apresentada em fevereiro (-1,2%). Com o resultado, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), apurado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), encerra o primeiro trimestre de 2022 com queda acumulada de 1,12%. Segundo o levantamento, os efeitos da inflação persistente e a recente transmissão do aumento dos combustíveis a outros preços são elementos-chave que explicam a evolução da baixa confiança empresarial.

A guerra na Ucrânia também é um fator de peso para o resultado. O presidente da CNC, José Roberto Tadros, avalia que o quadro internacional gera um cenário de incertezas. “O conflito deve influenciar, juntamente com comportamento dos valores internos, o crescimento da inflação. Os preços, em geral, devem permanecer em alta, principalmente em virtude da escalada dos combustíveis e das commodities.”

Todos os índices que compõem o Icec registraram variações negativas, com destaque para Condições Atuais, que recuou 1,6%, enquanto Expectativas e Intenção de Investimentos apresentaram retrações de 1,2% e 1,1%, respectivamente. O indicador, no entanto, manteve-se na zona de satisfação (acima dos 100 pontos), registrando 118 pontos.

Mais estoques e menos contratações

No índice Intenção de Investimentos, apenas um subíndice apresentou variação positiva, o relativo às intenções de investir em estoques, que cresceu 1,2%. O mesmo grupo, no entanto, também registrou a variação negativa mais expressiva entre todos os subíndices, de 3,5% em intenções de investimento em contratação de funcionários.

O economista da CNC responsável pela análise, Antonio Everton, avalia que, apesar de constituir a segunda retração consecutiva e com mais força que no mês anterior (-0,4% em fevereiro), a queda da intenção de contratar funcionários pode indicar ajustes nas empresas. “A variação pode sinalizar uma adequação nos custos operacionais a uma perspectiva de menor faturamento.”

O economista ainda observa que o clima de menor confiança é agravado pela sazonalidade. Todo início de ano, a chegada de impostos aumentados (IPTU e IPVA), novos valores para condomínio e mensalidade escolar pesam nos orçamentos. Além disso, os juros reais por volta de 5% acima da inflação encarecem o custo da tomada do crédito. “São fatos que também afetam a percepção dos empresários do comércio para uma conjuntura relativamente mais difícil”, lembra o economista.

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