O projeto jornalístico Engolindo Fumaça, que relaciona a poluição das queimadas na Amazônia com o agravamento de casos de Covid-19, venceu, na quarta-feira (2), o Prêmio Internacional Rei da Espanha de Jornalismo Ambiental. Idealizada pelo InfoAmazonia, a série de conteúdos especiais contou com a participação de três jornalistas acreanos: o repórter Leandro Chaves, que assina duas das cinco matérias, e os fotógrafos Ramon Aquim e Dell Pinheiro.
Profissionais de Rondônia, Mato Grosso e Amazonas também integraram a equipe, com textos sobre seus respectivos estados. O projeto foi coordenado pela jornalista Juliana Mori, diretora editorial do InfoAmazonia, veículo independente que, a partir de dados, mapas e textos, conta histórias sobre a região de maior biodiversidade do mundo.
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Os estudos de como a fumaça dos incêndios florestais afetou ainda mais a saúde de pessoas contaminadas pelo coronavírus em 2020 na Amazônia foram inéditos. Os resultados em forma de reportagens, segundo o júri do prêmio, ficaram “excepcionais. Entra nos olhos e gera um impacto visual ao lê-la. É uma história complexa, contada com critérios científicos”.
A principal matéria sobre o estado, “Atmosfera pesada no Acre”, aponta aumento considerável nas internações por Covid-19 e síndrome respiratória aguda grave (SRAG) durante a temporada do fogo. Os jornalistas foram até a Reserva Extrativista Chico Mendes, em Xapuri, a unidade de conservação que mais queima no Acre, para mostrar a história de quem sofreu com os incêndios em plena pandemia. Além disso, foram ouvidos pesquisadores locais, entre eles a doutora em Ciências Florestais Sonaira Silva, colaboradora do projeto.
Os Prêmios Internacionais de Jornalismo Rei da Espanha são concedidos pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (Aecid) e pela Agência Efe. Em novembro do ano passado, o projeto foi um dos vencedores do Prêmio Cláudio Abramo de Jornalismo de Dados, ao lado de conteúdos de peso como a Anatomia da Rachadinha, do UOL.
O repórter Leandro Chaves destacou que esse tipo de reconhecimento incentiva ainda mais a prática do bom jornalismo. “Renova a nossa esperança em uma imprensa cada vez mais responsável e comprometida com as transformações necessárias”.
Já o fotógrafo Ramon Aquim se diz honrado em ter seu trabalho apreciado e reconhecido do outro lado do planeta. “Não tem preço. Estou bastante grato pela oportunidade de ajudar a levar o Acre para tão longe. Isso é muita coisa”.
“Honrarias com essa nos fazem perceber a importância do nosso trabalho aqui na Amazônia. Temos muitas pautas de relevância internacional”, disse o repórter fotográfico Dell Pinheiro. “Foi muito gratificante ter feito parte desse projeto”, finaliza.